quinta-feira, 13 de agosto de 2009

os desamordaçados

Depois de algumas rusgas e dificuldades, foi lindo o nosso lançamento. Fica o registro:

[caption id="attachment_1199" align="alignleft" width="500" caption="1º de Agosto de 2009, Porto Alegre"]1º de Agosto de 2009, Porto Alegre[/caption]

mpf

Anteontem larguei o Eça de Queirós na cabeceira e me pus a ler as 250 páginas do primeiro volume da ação civil do MPF. Embora ache o fim do mundo a tal quebra de sigilo (o cidadão vai recorrer a quem no caso de se sentir exposto/lesado, se nem as instituições o respeitam?), meu lado humano, falho e curioso prevaleceu (fora o interesse jornalístico, literário e jurídico do caso).

Ignorante que sou (nunca havia lido uma ação desse tipo) e esquecendo tratar-se de uma peça acusatória, imaginava encontrar um texto sério, contido, que aspirasse à imparcialidade, e acabei me surpreendendo com o estilo.

Também me surpreendi com os personagens, tão próximos! Até o... deixa pra lá... Constrangedor foi ver algumas pequenices do dia-a-dia da AL expostas numa peça policial.

Registro a variação de termos para descrever a suposta quadrilha e suas atividades criminosas: “mega-esquema delituoso”, “verdadeiro pool empresarial da criminalidade”, “bureau criminoso”, “societas delinquentium”...

E alguns excessos:

exclamações duplas - "o escoamento, a sangria, o desvio dos já combalidos cofres estatais provocou dano estratosférico, na ordem de quarenta e quatro milhões de reais!!";

considerações sobre o caráter do gaúcho - "levantando-se o pano da cena delituosa e restando desnudada toda a fraude, o que tornou possível a identificação dos atores criminosos integrantes da quadrilha, urdida, arquitetada e desenvolvida nos bastidores acadêmicos e políticos riograndenses, tão decantados como supostos paradigmas de excelência e ética perante a Nação brasileira";

e até uma variante do “nunca antes na história deste país” - “Provavelmente, não exista precedente na história do Estado Sul-Riograndense de ‘estrutura empresarial' com tamanho aspecto organizacional e gerencial voltados para a prática criminosa”.

Fico por aqui.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

pare de reclamar e concentre-se nas coisas boas

Pois então... Na última semana de julho, quando minha analista adoeceu, as colegas tiraram férias, meus pais foram passear em Minas e eu fiquei na AL meio solita, brigando com tudo e com todos, desde a moça do cafezinho até as chefias mais graduadas, caiu-me em mãos esse livrinho bobo, de auto-ajuda. Ok, não foi bem cair, eu o vi na livraria e o peguei, interessada e consciente, mas enfim...

O livro propõe que se passe 21 dias seguidos sem reclamar - de si ou dos outros. Toda vez que o fizer, a pessoa deve trocar um objeto de lugar (pra tomar consciência do fato) e recomeçar do zero. Na hora, pensei: fácil, pelo menos agora, enquanto estou no shopping sozinha, já que resmungar pensando pode. E lá me fui a caminhar com meus pensamentos.

Não deu nem dois minutos, percebi o quanto me queixo... sozinha. Não em silêncio, mas em alto e bom som!

Passei a pulseira da mão direita para a mão esquerda gritando “droga, resmunguei” e, imediatamente, tapei a boca. Devolvi a pulseira para a mão direita e segui até o carro quietinha, atenta, pensante.

O livro alerta para isso. Que não nos damos conta do quanto nos lamentamos, seja pra aliviar a ansiedade, seja para puxar assunto. E, na linha de O Segredo, diz que com isso acabamos atraindo somente mais queixas e mais ansiedade.

Ainda não tenho uma posição formada sobre o assunto. Não consegui completar nem um dia. Prometo me manifestar a respeito quando tiver resultados.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

lançamento desAMORdaçados

Os convites estão na rua! Será no dia 1º de agosto, sábado, às 13h, no Cultural da Riachuelo, o lançamento da coletânea desAMORdaçados, resultado da Oficina Literária cursada no ano passado.

Com direito à espumante Salton, palitinhos de queijo e acompanhamento ao piano de Geraldo Flach. Antes do lançamento, às 11h30, o professor Assis estará no auditório do Cultural, junto com a Léa Masina e o Marcelo Spalding, participando do primeiro "Bate-Boca-Bom", um debate sobre criação ficcional.

convite-desamordacadosconvite-desarmor-2

ritos e carimbos

Os últimos dias foram atribulados. Como se não bastassem as aulas à noite, assumi uma nova função no trabalho que tem me exigido muita disposição e atenção aos detalhes. Um mundo novo se abre. E pensar que uns dias atrás eu me debatia em angústias sobre que rumo seguir. Não é que não mais me debata... É que agora simplesmente não tenho tempo. Por isso o relato será breve. Só para registrar, são milhares de ritos, prazos e papéis. Na sexta, recebi um conjunto de seis (!) carimbos. Não me perguntem para que serve cada um, ainda não descobri. Mas tudo será esclarecido no devido tempo. Uma coisa de cada vez – e sempre avante...!

domingo, 21 de junho de 2009

Obama's the guy!

[caption id="attachment_1163" align="alignleft" width="200" caption="Obama e a filha Malia na Dairy Godmother, em Alexandria/VA (AP Photo/Alex Brandon)"](AP Photo/Alex Brandon)[/caption]

A Sílvia escreve de Washington D.C.:

O Obama veio com as filhas tomar sorvete na sorveteria do meu bairro hoje de tarde, do lado do café que eu vou toda hora (com os toldos verdes, lembram?). A Noemia tem fotos comendo sorvete lá.

E a mãe da Sílvia responde:

Precisamos ir lá tomar sorvete também. Não podemos ficar atrás do Obama e da Noemia!

sábado, 13 de junho de 2009

insensibilidade feminina?

12 de junho, dia dos namorados, intervalo de aula: na lixeira do banheiro feminino, sobre a pilha de papéis-toalha brancos e amassados, o vermelho vivo de uma rosa.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

o burro ativo

Outro dia, minha amiga Canciam usou a expressão "burro ativo" para descrever um tipo muito frequente, segundo ela, em sala de aula. É aquele colega ultraparticipativo, que tem opinião sobre tudo e faz questão de manifestá-la a todo instante, geralmente acompanhada de muitos exemplos pessoais desprovidos de qualquer interesse para os demais colegas.

Comentei o assunto em casa e meu pai apresentou uma variação de significado. Segundo ele, o burro ativo é o sujeito que toma a linha de frente, mostra muito entusiasmo, mas nenhuma habilidade em desempenhar as tarefas a que se propõe. O resultado é que o restante do grupo acaba sendo obrigado a empreender um esforço extra, dando início a uma série de ações de bastidores para contê-lo e evitar danos maiores.

Meu pai citou então um amigo seu, que conhecíamos de nome – um típico burro ativo, disse ele. Minha irmã interveio, constrangida: “Mas, pai, ele morreu!” (quando o burro ativo se vai, o sentimento de proteção que ele desperta só aumenta).

A meu ver, o tema mereceria um estudo sociológico, antropológico ou coisa que o valha. Embora, aparentemente, todo povo esteja apto a produzir os seus espécimes, acredito que no Brasil eles encontrem estímulo maior. Isso em razão de uma característica própria do brasileiro, a cordialidade, descrita por Sérgio Buarque de Holanda em O Homem Cordial.

A palavra cordial vem do latim cor ou cordis, que significa “coração”. Portanto, o homem cordial não é necessariamente gentil, e sim alguém que age movido pela emoção no lugar da razão. Essa característica se relaciona a uma série de outras presentes na nossa cultura, como a dificuldade em distinguir o público e o privado, o desapego às formalidades e a instituição do “jeitinho”.

No que toca ao tema deste post, o homem cordial é capaz de mobilizar um batalhão para não magoar um burro ativo.

O burro ativo é como os loucos e as criancinhas.

sábado, 6 de junho de 2009

39 contos

Durante a oficina literária que cursei no ano passado, o professor Assis costumava contar uma série de “causos” das turmas anteriores. As guerras e situações absurdas que se instauravam entre os colegas. Na época, ouvíamos a tudo entre incrédulos e bem-humorados. Foi só neste ano, ao darmos início à edição do nosso livro conjunto, que pudemos compreender de fato o que ele dizia. Por motivos variados, do nosso grupo inicial de 16, restaram 13. Muito me entristeceu a saída dos colegas. Mas o interessante é que agora temos 39 contos na coletânea de número 39.

Isso só pode significar algo.

Algo o quê? Sei lá, responda você.

***



Eu e a Stela aprovamos hoje o Caminho do Livro como local de lançamento da coletânea. Será no dia 1º de agosto, às 11h30.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

a gênese da palavra "batata"

De uns dias pra cá, minha rotina mudou um pouco. Omito detalhes para não ouvir indagações além das que já ouvi neste momento de alguma incerteza. Pessoas que me conhecem há muito tempo se surpreendem, especialmente as amigas mais próximas, que enxergam em mim qualidades louváveis, e também inaptidões pétreas.

Não me inscrevi em um doutorado sobre a gênese da palavra batata (adoro batata!), como pensou meu tio. Nem na continuação do “Como amar e ser amada nos dias de hoje” (embora tenha recebido o convite por e-mail). Apenas me matriculei no cursinho sem muita convicção.

Depois de 18 anos, é um mundo novo voltar ao cursinho. Não tenho mais palpitações ao enxergar o Zé Tamanquévis (sim, ele continua lá!), nem sei se isso é bom ou ruim (vá lá, é bom...!). Também não sei se aguentarei até o final do ano. Na primeira semana, tudo era lindo; agora, ando por aí de óculos, com cara de sono e crises de identidade.

Às vezes, me vem um princípio de certeza de estar no caminho certo: desde que entrei na AL, algumas coisas que pareciam distantes se tornaram mais próximas. Tento enxergar como partes de um mesmo mundo o sério, o engravatado, o criativo e o espontâneo. É verdade que me peguei sonhando com pessoas gigantes saindo de caixas. Mas eram pessoas gigantes SAINDO de caixas – não sendo encaixotadas.

Elas saíam e representavam um pequeno espetáculo diante da plateia. E eu olhava pra minha colega (a Noemia) e me agoniava por estar chegando a nossa vez. Tenho um certo medo de acabar encaixotada – é óbvio, entre caixa e caixão há mais do que semelhanças morfológicas.

Por hora, o jeito é sair da caixa e ensaiar o meu número, até me convencer dele.

Sei lá.

***


Amanhã, à tarde, estarei no Caminho do Livro, trecho da rua Riachuelo, entre a Borges de Medeiros e a General Câmara, que é fechado aos sábados (alguns), das 10h às 16h, para abrigar uma feira de livros. A Stela irá também. É lá que pretendemos lançar a nossa coletânea desAMORdaçados, se nenhum colega mais resolver sair até a data do coquetel.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

meu mundinho II

continuando o post anterior:

Se eu fosse mais espiritualizada, em vez de pensar na figura de um ET (aquele bonequinho verde com antenas e olhos grandes), talvez visualizasse deus (um senhor de barbas brancas e feições bondosas). Os dois estão acima de nós e, supostamente, conhecem mais o nosso destino do que nós mesmos.

Veja a pretensão: eu sentada na plateia, ao lado Dele, querendo saber o que achou do espetáculo. Não é absurdo. Primeiro, em razão de Ele ser feito à nossa imagem e semelhança; segundo, porque estou no meu mundinho, onde posso sentar ao lado de quem-quiser-quando-quiser.

[ Aposto que se digo isso a um psicanalista, ele irá argumentar: “Por que falar sobre isso a Ele? Você pode contar comigo!” ]

Mas a verdade é que devo estar mesmo mais espiritualizada – mais temente, mais assustada, mais inconformada, mais perto do meio do caminho, mais velha. Ó, céus!

Gracejos e rebeldia não vão me salvar.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

meu mundinho

Às vezes, quando resolvo sair um pouco do meu mundinho (mundinho = espaço imaginário onde tudo sai como se deseja, todos pensam como nós, concordam com as nossas ideias, apoiam nossas iniciativas e aqueles que não as aprovam tropeçam no próprio pé ou são fulminados por um raio; onde nossas qualidades brilham em seu ápice e as dificuldades não precisam ser postas à prova; onde todos, mesmo os mais bem acabados, são sempre mais feios, mais sujos e menos inteligentes do que nós; onde o passado nos orgulha, o presente nos aquece e o futuro nos pertence)... Então, quando abandono um pouco esse lugar e ensaio uns passinhos lá fora, no mundão, a sensação que tenho é a de estar num teatro. Nada original, reconheço; diz o Seicho-No-Ie: “A vida é um palco onde VOCÊ é o protagonista”, mas é o que me ocorre. Vejo a ópera-bufa em pleno desenvolvimento, com seus personagens patuscos, e me sinto um deles. Sou um deles. Só não sei bem ao certo que papel me pertence, então, às vezes, me canso e volto para a plateia; depois, canso da plateia e subo ao palco de novo.

Numa escala maior, é o que se dá quando algo no mundo nos une - um avião atingindo as torres gêmeas, uma copa do mundo, um clipe we are the world. Nessas horas, sempre me vejo na plateia, buscando um extraterrestre ao meu lado para perguntar: “E aí, que tal?”.

A resposta pode ser qualquer coisa, de “patético” a “comovente”.

***


Mudando de saco pra mala, desculpem se a pergunta é burra, nunca gostei de física:


É que coloquei água para ferver, ao mesmo tempo, em dois recipientes: uma grande chaleira para o meu chá e uma canequinha para cozinhar um ovo. Por que a chaleira agora borbulha violentamente enquanto a canequinha parece nem se dar por si?

sábado, 9 de maio de 2009

no aguardo

Aguardo Patrícia e Guilherme para irmos a Alegrete, estou pronta há horas, o sol começa a dar os ares da graça; Márcia, Marcelo, Débora, Beto, Adônis já estão na estrada.

[ Isso é frase pra Twitter. Vivo querendo as coisas certas no lugar certo; mas, se me justifico, é porque o mais certo são coisas erradas no lugar errado ]

quarta-feira, 6 de maio de 2009

vaca jurídica


A convite da Vanessa Canciam, assisti agora há pouco, no auditório do Direito da Ufrgs, a uma palestra do “maior especialista em Direito Penal da América Latina, quiçá do mundo”, o argentino Eugenio Zaffaroni.

Ministro da Suprema Corte argentina, professor e diretor do Departamento de Direito Penal e Criminologia na Universidade de Buenos Aires, autor de vários livros e doutor honoris causa de universidades no Brasil e na Itália, ele discorreu sobre os modelos jurídico-penais da Alemanha, desde o século passado, e apontou a inadequação dessas “dogmáticas” à nossa realidade latino-americana. No lugar da importação de “modelos volkswagen”, ele propõe que se pense numa doutrina própria.

Segundo Zaffaroni, no âmbito do direito penal, toda construção doutrinária tem um sentido político, mesmo que os seus artífices o neguem. “A lei provém de uma decisão política”, disse ele.

Basicamente foi isso que captei, minha presença no local não fazia 100% de sentido. Mas anotei uma expressão cunhada por ele cujo conceito por vezes aparece lá na Assembleia: a da “vaca jurídica”, isto é, aquela figura que, embora exista na lei, não tem validade por estar dissociada do mundo real. “Posso dizer que uma vaca é um cachorro grande que uiva na neve”, exemplificou ele. E aí? Quem há de dizer que não?

Ao final da palestra, o diretor da faculdade anunciou a decisão de conceder ao convidado o título de doutor honoris causa pela Ufrgs e eu tive dois pensamentos. Primeiro: “que lindo, também quero!”. Depois: “na idade dele e com o currículo que tem, o que vai fazer com mais um título honoris causa? Aposto que tem aspirações bem mais mundanas!”

Falando em coleção de títulos, eu disse à Canciam que, agora, em vez de bolachas de chope, ela vai colecionar certificados, já que, para se formar, os alunos do Direito precisam somar 360 horas de palestras e atividades extracurriculares. Disse isso, mas desdigo: por que não colecionar as duas coisas?

Mania de pensar em ou no lugar de e!

terça-feira, 5 de maio de 2009

bobagens, Montaigne e Aulus Gellius

Abandonei um pouco os caracoles, mas estou de volta. Tenho pensado muito e agido pouco. Não é ruim; precisava pensar. E a conclusão é: melhor agir em alguma direção do que ficar parado. Claro, não estou falando de ações destrutivas, mas de ações construtivas que possam impossibilitar outras ações construtivas (pela simples razão de que não se pode fazer tudo). À medida que dividimos a ação em partes menores e damos os primeiros passos, a convicção vai surgindo.

Outro assunto: queria comentar o livro que a Canciam me emprestou (a Lopez recém terminou de lê-lo e eu estava na fila), As 10 bobagens mais comuns que as pessoas inteligentes cometem e técnicas eficazes para evitá-las, de Arthur Freeman e Rose Dewolf.

Bem, não vou comentá-lo (li umas cinco páginas, por enquanto; minhas leituras têm sido bastante aprofundadas, como se vê). Vou apenas citar os títulos de alguns capítulos e subcapítulos:

- Deu branco: quando a nossa inteligência nos deixa na mão, o poder da mente, ampliando os limites, o estresse piora os erros, novos hábitos de pensar;
- Catastrofismo: perder a cabeça e outros sintomas, como se desencadeiam os medos, seja realista, ouça a si mesmo, questione-se, descatastrofismo, registre seu raciocínio, saia em sua própria defesa;
- Telepatia: quanto mais íntima a relação, maior a ilusão, o hábito de presumir, dicas e pistas, quando você entende tudo errado, quando os outros entendem tudo errado, dê nome aos bois;
- Mania de perseguição: uma frase - as mais diversas reações, causas comuns, o efeito cumulativo, quando você tem razão em se sentir criticado;
- Acreditar em tudo o que o seu assessor de imprensa diz: como uma overdose de pensamento positivo pode ter efeito negativo, os assessores de imprensa do dia-a-dia, o assessor de imprensa interior, teste da realidade, a verdadeira atitude vencedora;
- Levar críticas muito a sério: de onde vem a sensibilidade a críticas, aprenda a questionar seus críticos, filtragem e relativização, o crítico interior, como reconhecer uma crítica construtiva;
- Perfeccionismo: as imperfeições da perfeição, ser exigente pode ser bom, perfeição na dose certa, porque é tão difícil ceder, abrindo caminho para mudanças, estabeleça os seus padrões, como ser flexível, abordagem passo a passo, alguma coisa é melhor que nada;
- Mania de comparação: o fator ego, a comparação como fator de motivação, como lidar com as opiniões alheias, a solução "e daí", do que você se dispõe a abrir mão, mude os termos de comparação;
- Pensamento condicional "e se...?": vamos reescrever a Lei de Murphy, a premissa furada, arranjando sarna para se coçar, o "e se...?" positivo e realista, preocupação seletiva;
- Deve-ser-assim: o conforto - e as vantagens - do deve-ser-assim, quando as obrigações atrapalham, ideias à base de ia, podia, devia, deixe o passado para trás, como lidar com a culpa;
- O vício "sim, mas": a faca da cozinha, um misto de equívocos perigosos, rumo ao "sim", troque o "sim, mas..." pelo "sim, e...", um pouco de faz de conta, pense ao contrário, dizendo sim para os outros, dizendo não para os outros, o poder da asserção positiva, como lidar com alguém do tipo "sim, mas..." na sua vida;
- Como ativar seus pontos fortes: ponha o óbvio em dúvida, atribua responsabilidades, não exagere, como criar alternativas de pensamento, sentimento e ação, compare prós e contras, classifique seus erros, use as adversidades a seu favor, crie imagens substitutas, ensaio de imagens positivas, auto-instrução, autodistração, bancando o advogado de defesa;
- Além da compreensão: a teoria na prática, administração do tempo, planejamento de experiências para aprimoramento ou prazer, resolução de problemas, divida seu objetivo em etapas menores, um pouco de faz-de-conta, experimente novos comportamentos, relaxamento, roteiro de relaxamento;
- Viva melhor: uma ideia melhor, ferramentas para a vida inteira, o mundo não é todo negativo, assumindo a responsabilidade por si mesmo.

***


Sexta passada, tomei um café com o Felipe e ele mencionou o meu post anterior. Disse ser um grande e mero consumidor de ideias alheias. E, para confirmar a declaração - ao mesmo tempo em que atenuava minhas dúvidas sobre como deve/pode ser um blog -, falou-me de Montaigne, considerado o criador do gênero "ensaio". Segundo o Felipe, Montaigne refletia sobre si mesmo, seus flatos e assuntos do dia-a-dia.

Fui olhar no Google e achei um texto do Voltaire Schilling sobre o autor:

Montaigne fundou um gênero - o ensaio - em que a pena do autor é deixada à vontade, guiada pelo senso comum, misturando instinto com experiência, circulando pelos temas mais diversos, sem compromissos com a autoridade, mas sim com a liberdade. Tratava-se do registro das suas experiências, de observações e reflexões que ele extraíra da vida.

Nada lhe foi estranho: o amor, a luta, a religião, a coragem, a amizade, a política, a educação... Recorrendo largamente aos fatos passados e ao enorme domínio erudito dos clássicos, escrevia pelo gosto da aventura e pela emoção que lhe provocava, tornando o leitor cúmplice das suas emoções. Como ele mesmo disse, "il n'y a point de fin en nos inquisitions", não havia limite para suas inquietações.

Exausto do mundo, passou a viver só para si, tornando-se personagem do seu próprio interesse (sendo repudiado mais tarde por Pascal exatamente por isso). É de Jacob Buckhardt, o grande historiador da cultura da Renascença, a ideia de que foi por aquela época, pelo século XV-XVI, que o Homem deu lugar ao Indivíduo, isto é o Homem descobriu a sua singularidade, o seu ineditismo. Um ser inequívoco, absoluto na sua excepcionalidade, cuja personalidade ou vivência jamais poderá ser passível de repetir-se em qualquer outra circunstância.

Até aquela época os homens pertenciam a uma corporação de ofício, a um grêmio profissional, a uma grande família ou a uma dinastia, até que se descobrem como indivíduos com possibilidades de construírem seu próprio destino. De certo modo, Montaigne, ao afirmar que "Je suis moy-mesmes la matiere de mon livre" (Eu mesmo sou a matéria do meu livro), inspirou o americano Walt Whitman, que no século XIX, nos versos "Song of Myself" (1882), também decidiu fazer de si e da sua vida o tema da sua obra poética.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Schopenhauer e a arte de escrever

Há horas venho tentando ler um livro de Schopenhauer, A arte de escrever. Leitura fácil, leve, mas não tem jeito: cada vez que o pego, releio o prefácio, começo o primeiro capítulo, me ponho a divagar e acabo deixando-o de lado. Talvez porque já nas primeiras páginas o autor assim se pronuncie sobre quem lê demais: “Ah, essa pessoa deve ter pensado muito pouco para poder ter lido tanto!”. E, a respeito de Plínio, o Velho (Gaius Plinius Secundus, almirante romano, escritor e naturalista clássico): “sinto a necessidade de me perguntar se o homem tinha tanta falta de pensamentos próprios que era preciso um afluxo contínuo de pensamentos alheios, como é preciso dar a quem sofre de tuberculose um caldo para manter a sua vida”.

Schopenhauer identifica como principais problemas estilísticos do seu tempo a falta de clareza, a prolixidade e os neologismos, que dariam aparência erudita e profunda a textos sem conteúdo. Segundo ele, esses textos se caracterizam por sentenças curtas, ambíguas e paradoxais, que parecem significar muito mais do que dizem; por uma torrente de palavras, com a mais insuportável prolixidade; ou pelo estilo científico e profundo, no qual o leitor é martirizado pelo efeito narcótico de períodos longos e enviesados. Exemplificando cada um desses estilos, ele cita respectivamente Schelling, Fichte e os hegelianos em geral e complementa afirmando que a ininteligibilidade, artifício dos maus escritores, foi introduzida na Alemanha por Fichte, aperfeiçoada por Schelling e mais ainda por Hegel.

Tudo isso está no prefácio.

Dia desses, eu estava cobrindo uma audiência pública na AL sobre a possibilidade de extinção do Tribunal de Justiça Militar (TJM) quando o desembargador presidente do Tribunal de Justiça, ao qual o TJM é vinculado, citou Schopenhauer: “Quando não se tem razão, desvia-se o assunto”. Estava se referindo à declaração do presidente do TJM de que o fim deste implicaria o fim da Brigada Militar, que “se assenta na disciplina e na hierarquia”. Não sei quem tinha razão. Só sei que o presidente do TJM gritava tanto que não consegui entender direito o que dizia. E o presidente do TJ falava com voz calma e serena, citando Schopenhauer. Claro, não era o TJ que estava ameaçado de extinção. Mas a argumentação desapaixonada soou melhor aos meus ouvidos.

Acho sempre difícil saber onde está verdade. E me impressiono com quem a encontra rápido. Eu caminho para um lado... pro outro... e termino ainda mais confusa do que cheguei. A ignorância não tem limites, a sabedoria sim. Porém, como jornalista, mesmo enxergando só um pedacinho do iceberg, é preciso sair correndo e escrever o que se vê. Felizmente não preciso decidir nada. Basta relatar o que disse um, o que disse outro, o que disseram os deputados... O povo se deixa de fora, não dá pra contemplar a todos. A não ser que seja algo muito importante (geralmente não é). Quem decide o que é importante? Bem...

Taí. Me contradisse toda :-)

***


Gastei um bom tempo desenhando um novo topo no Photoshop. De fuxicos, em homenagem à minha mãe. Pode ser que ele não esteja aparecendo, porque os topos anteriores permanecem. Agora são três, que vão se alternando, aleatoriamente. Quer dizer, "aleatoriamente" é modo de dizer, nada é aleatório em informática.

fama & fortuna

Os amigos e parentes estão ficando grandões. Noemia, que pede para não ter seu sobrenome divulgado na Internet, aparece na capa de jornal de grande circulação (com nome e sobrenome!). Meu irmão surge no Informativo do Vale com dicas de como alcançar a independência financeira.

Outra amiga próxima comunica importante passo de cunho pessoal.

Fica o registro :-)

caminhada literária

[caption id="attachment_996" align="alignleft" width="160" caption="Perdoem. Não é bonitinho? (by Anton Schnaider)"]Perdoem, achei bonitinho :-)[/caption]

Achei que já tivesse ocorrido, mas não! Será no sábado, dia 9 de maio, a próxima Caminhada Literária, orientada pelo Luis Augusto Fischer.

Tomara que chova!

É que, nesse dia, já temos um evento: o casamento do Josimo, que vai parar o Alegrete. Ainda não sei se vamos de van, de carro ou de ônibus, o certo é que vamos.

Bem... se por acaso não chover... está dada a dica:

O quê: Caminhada Literária.
Quando: dia 9 de maio, sábado. Em caso de chuva será transferido para o sábado seguinte (sim, sim!).
Saída: No totem do Caminho dos Antiquários, na Demétrio Ribeiro em frente a Praça Daltro Filho, no encontro das ruas Coronel Genuíno e Marechal Floriano.
Horário: 10h.
Roteiro, 9 de maio: Viaduto Otávio Rocha, Livraria do Globo (rua da Praia), Chalé da Praça XV, Mercado Público, Praça da Alfândega.
Duração: aproximadamente 2 horas.

Quem orienta: Luis Augusto Fischer, formado em letras, é professor de literatura brasileira na UFRGS. Escreve regularmente para os jornais Zero Hora e Folha de S. Paulo, e colabora com as revistas Bravo! e Superinteressante. Tem publicados vários livros de contos, crônicas, ensaios e teoria literária. Seus maiores sucessos de vendas são o "Dicionário de Porto-Alegrês" (1999) e o "Dicionário de Palavras e Expressões Estrangeiras" (2004). Em 2005 publicou seu primeiro texto de ficção, "Quatro Negros". Em 2008 publicou outra novela com o nome de "Duas águas", e em 2009 o "Dicionário Colorado".

domingo, 26 de abril de 2009

gonzo style

Queria ter escrito algo sobre o Dia do Livro (23 de abril). E ido a algumas das atrações que tomaram lugar na cidade em alusão à data. Acho que ontem teve até um Viva o Centro a Pé – Caminho dos Livros, que comentei num post anterior. Mas acabei fazendo outras coisas: de manhã, aula de ioga aberta no parque Marinha; de tarde, teatro; e, à noite, Boteco Bohemia. Agora, tarde de domingo, a máquina de lavar roupa trabalha um pouco por mim, enquanto tento manter o blog vivo. Não sei bem por que o faço.

Esses dias perguntei a três pessoas próximas, que me querem bem, o que achavam de coisas que eu havia escrito e dessa história de manter um blog. A primeira me disse que era muita exposição e que não gostava de texto gonzo. A segunda me perguntou o que eu achava daqueles velhinhos que contam a vida inteira na fila do banco. E a terceira questionou se não era uma forma de eu me desviar de escritos mais relevantes. Essas são minhas amigas, sinceras e sutis.

Na hora, pensei em correr até o computador e apagar todos os rastros deixados no universo virtual até hoje (como se fosse possível lutar contra o Google). Depois, mudei de ideia, não é saudável ser oito ou oitenta. É próprio dos blogs o estilo gonzo, e é preciso esgotar uma fase pra passar à próxima. Ao descrever seu pequeno universo, um autor pode ir adquirindo confiança pra alçar outros voos, testar o que escreve, insistindo, modificando, abandonando ou retomando certas formas de expressão.

Segundo a Wikipedia:

Gonzo é um estilo de narrativa em jornalismo, cinematografia ou qualquer outra produção de mídia em que o narrador abandona qualquer pretensão de objetividade e se mistura profundamente com a ação.

O originador do estilo foi o jornalista norte-americano Hunter S. Thompson. O termo foi cunhado por Bill Cardoso, repórter do Boston Sunday Globe, para se referir a um artigo de Thompson. Segundo Cardoso, "gonzo" seria uma gíria irlandesa do sul de Boston para designar o último homem de pé após uma maratona de bebedeira.

O mais famoso texto gonzo é "Fear and Loathing in Las Vegas" (literalmente "Medo e Delírio em Las Vegas", lançado no Brasil em 1984 pela editora Anima como "Las Vegas na Cabeça"), originalmente uma matéria sobre uma corrida no deserto, a Mint 400, encomendada pela revista Rolling Stone. Thompson gastou todo o dinheiro com drogas e álcool, fez enormes dívidas no hotel, destruiu quartos e fugiu sem pagar. Não cobriu o acontecimento e, no lugar da matéria que deveria escrever, descreveu o ambiente sob seu ponto de vista entorpecido e virou o precursor de um novo estilo jornalístico.

O jornalismo gonzo é por muitos nem considerado uma forma de jornalismo, devido à total parcialidade, falta de objetividade e pela não seriedade com que a notícia é tratada, fugindo a todas as regras básicas do jornalismo. O estilo vigora até os dias de hoje e ganha maior número de adeptos entre jovens, que se interessam pela narrativa literária de vivências e descobertas pessoais em situações extremas ou de transgressão. Se o jornalismo gonzo é ou não um modelo jornalístico, se é subjetivo demais ou se não é digno de crédito, são questões que permeiam o ambiente acadêmico.

O jornalismo gonzo pode ser considerado uma extensão do New Journalism de Tom Wolfe, Lester Bangs e George Plimpton. Outros escritores que poderiam ser classificados como gonzo são P. J. O’Rourke e Timothy Edwars Jones. Kurt Vonnegut pode ser considerado uma espécie de precursor do estilo.

Livros e filmes - As matérias de Thompson viraram livros, que se tornaram best-sellers na categoria; e até filmes: "Where the Buffalo Roam", dirigido por Art Linson em 1980, com Bill Murray no papel de Thompson; e Fear and Loathing in Las Vegas (lançado no Brasil como "Medo e Delírio"), dirigido por Terry Gilliam em 1998, com Johnny Depp no papel de Thompson e Benicio del Toro como seu advogado; além de um documentário feito para a TV em 1978, "Fear and Loathing in Gonzovision".

quarta-feira, 22 de abril de 2009

B52's in POA

Nada como ser adolescente aos 34. Segunda-feira, pré-feriado, junto a centenas de outros jovens adolescentes na faixa dos 35-45 anos, dancei ao som do B52's. Como de costume, cortesia da Noemia. Nunca na história de Porto Alegre se viu público tão animado!

Veja o vídeo no Youtube.

terça-feira, 21 de abril de 2009

como amar e ser amada nos dias de hoje

Sábado, participei de um curso intitulado “Como Amar e Ser Amada nos Dias de Hoje: O Método Sheng nos Relacionamentos”. Sei, não deveria me expor desta forma, mas as amigas perguntam como foi e eu respondo inocente:

[caption id="attachment_940" align="alignleft" width="210" caption="Fabrício e eu em 77. "]Fabrício e eu em 77. Essência ou ajuste criativo?[/caption]

O método Sheng une os cinco elementos da Medicina Chinesa – madeira, fogo, terra, água e metal – aos princípios da psicologia humanista gestáltica. Conforme a ministrante, todos nós temos uma essência, um modo de ser que é só nosso e independe do meio externo. Ao longo da vida, vamos estabelecendo “ajustes criativos” para nos adaptarmos ao meio. E, às vezes, nos distanciamos tanto da nossa essência que nos perdemos no caminho.

[Minha amiga Noemia, versada no tema, sempre me falou em “máscaras” a cobrirem a nossa “essência”. Suponho que as máscaras correspondam aos ajustes criativos.]

Nossa tarefa no curso seria buscar a essência em nós e nos outros. À medida que a psicóloga falava, porém, eu ia me identificando com todo o ciclo da natureza e considerando impossível estabelecer o elemento mais marcante. Ela garantiu que até o final da tarde eu me acharia.

Pediu-nos que caminhássemos pela sala e pensássemos numa forma de cumprimento e numa palavra que definisse o que estávamos sentindo. Pensei em dois beijinhos e em mil palavras simultaneamente. Disse para cumprimentarmos as colegas da forma como havíamos pensado e para dizermos a elas a palavra. Dei meus dois beijinhos, mas não soube o que dizer. “Indecisão”. Pronto, essa era a minha palavra, que saí repetindo de colega em colega.

A palestrante prosseguiu falando sobre os cinco elementos, cada uma das mulheres revelou um pouco de si e eu julguei ter me achado. Sou madeira. Sem dúvida. A professora também era. A madeira é movida pelo conhecimento, pelo saber, pela ação e pela inovação. O fogo, pela família, pelo social, pelo casamento e pelo comando; a terra, pelo relacionamento, pela afetividade e pelo retorno; o metal, pela carreira, pela estabilidade e pela segurança; e a água, pela filosofia, pela espiritualidade e pelo sentido das coisas.

Tivemos então que escrever numa folha um resumo do nosso movimento relacional: da infância até a fase atual, passando pela adolescência e pelos primeiros relacionamentos. Difícil. Grande demais. Que aspecto priorizar? Escolhi um ou outro ponto que me incomodava mais e fui em frente. À medida que avançava, olhando o aperto das demais colegas, ia pensando: agora é que virá à tona quão loucas somos. Dito e feito: nos minutos seguintes, cada uma despejou a sua dose de insanidade (...).

Ao terminar meu relato, a professora perguntou sobre a minha espiritualidade, eu disse que não era nada desenvolvida e ela decretou: “Madeira 3”. Quis protestar, questionar, mas ainda havia outras colegas por se manifestarem e achei por bem me conter. Internalizei o beiço e esperei.

Encerrados os depoimentos, a palestrante pediu que nos reuníssemos em grupos: as madeiras aqui, as terra ali, as híbridas madeira-terra lá, as “metaleiras” acolá e assim por diante (nenhuma água no grupo). Minha única colega madeira sentou-se à minha frente e me saiu com esta: “Bem, nós, madeiras, que não ligamos para casamento nem filhos...”.

Chamei a professora. Só porque não abordei as brincadeiras de boneca na infância e viajei para lá e para cá (em busca de saber e conhecimento? sim, mas para que serve o saber, senão para aprofundar nosso autoconhecimento e os nossos relacionamentos?). Enfim, protestei, e ela me disse que, talvez, então, eu fosse terra com ajuste criativo em madeira e me mandou pro grupo terra e a minha colega para as híbridas madeira-terra.

O grupo terra compunha-se de uma moça (a única mais nova do que eu e bem mais nova do que as demais), que engravidara aos 15 anos, e cuja mãe estava presente (grupo metal), e de uma colega separada, mãe de dois filhos, atraída por homens fogo, mais afeita à família que à carreira... “Que soluções, nós, mulheres de terra, teríamos para os nossos problemas relacionais?”

Ó vida, ó céus, professora, posso mudar de novo? Nós, terra, temos que ter bem claro do quê gostamos (gostar de “homens fogo” não vale!). Temos que gostar de uma profissão, ter interesses próprios e variados etc etc etc.

As mulheres madeira apresentaram como sugestões para si mesmas “expressar o que desejam sem esperar retorno” e “manifestar as emoções”, enquanto as de metal (que costumam carregar os homens nas costas) devem mostrar a própria fragilidade, conseguir impor limites e dizer não.

[Para mim, somos todos terra. Assim que nascemos, precisamos do leite materno e de cuidados constantes. Depois, despertam os hormônios, o desejo de procriar e, cumprida essa missão, resta-nos transmitir o aprendizado e servir de apoio a todo esse mecanismo da natureza. Tudo o que fazemos no meio disso é “ajuste criativo”. A essência é uma, e o resto é ajuste. Evidentemente esses ajustes nos tornam pessoas mais sofisticadas e prolongam a permanência de todos nós neste mundo, isto é, são muito bem vindos.]

Ao final da tarde, formamos um círculo e nos demos as mãos (ai ai...). Cada uma deveria dizer um cumprimento à colega ao lado, até completar o círculo. “Você é minha amiga”, “te adoro”... Na minha vez, empacou. “Não consigo fazer isso!”, foi o que eu disse. Dei dois beijinhos na colega pra desempacar. Desfeito o círculo, voltamos a caminhar pela sala tendo de pensar numa palavra. Pensei em confiança. E, em seguida, pensei no que estava escrito em cada uma das várias xicrinhas de chá que eu havia tomado ao longo da tarde – luta, leveza, terra.

Cumprimentei as colegas mantendo a confiança.

***


Cabe ressaltar que, embora eu apresente as minhas dificuldades com o método, há muitos aspectos interessantes na filosofia chinesa, como os ciclos construtivos e destrutivos dos cinco elementos.


O ciclo construtivo cria ou gera harmonia e representa uma transformação positiva: a madeira alimenta o fogo, o fogo gera terra, a terra gera metal, o metal gera água, a água gera madeira, que por sua vez gera o fogo.



No ciclo destrutivo, os elementos interagem de maneira forte e competitiva: o metal, como uma lâmina afiada, corta a madeira, a madeira retira nutrientes da terra, a terra represa o movimento da água, a água apaga o fogo, e o fogo derrete o metal.

A sabedoria está em conseguir identificar esses cinco elementos e os ciclos em que se encontram e se posicionar frente a eles.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

tapeçaria guatemalteca

Quando a cabeça fervilha muito, prefiro dormir e deixá-la trabalhar sozinha. Mas queria postar alguma coisa. No caso, esta linda tapeçaria que mandei emoldurar ontem e ainda não pendurei.

As outras paredes vão morrer de inveja.

[ Aliás: pra acalmar a mente, vou olhar fixo para essa imagem... fixo para o ponto azul no centro... o ponto azul... azul... limpar a mente de todas as perturbações externas... focalizar o ponto azul... esse sorrisinho bobo da carinha azul me perturba... e a ausência de pupilas... vou bordar umas pupilas... azul... não... pretas... as pupilas... ]

terça-feira, 14 de abril de 2009

o menino do dedo verde

Maurice DruonAcabo de ler que morreu hoje, aos 91 anos, o Maurice Druon, autor de O Menino do Dedo Verde. Eu gostava muito desse livro. Ganhei um exemplar num concurso de cartazes no Santa Rosa de Lima. Aliás, acho que ganhei dois. Ou já tinha um quando ganhei o outro, não lembro. Também adorava A História sem Fim e Manu, a Menina que Sabia Ouvir, do Michael Ende. De lá pra cá, não mudei muito meu gosto literário. Li-os depois de adulta, de novo, e continuei gostando.

Outro livro que me vem à mente é O Meu Pé de Laranja Lima. Também o reli depois de velha. Um livro pra se debulhar em pranto. O menino apanhava o tempo todo e tinha por melhor amigo uma árvore. Afogada em lágrimas, eu mal conseguia virar as páginas.

***



Não é de todo mal revisitar o velho desde que também se olhe para a frente. Tanta coisa nova, flamante...

segunda-feira, 13 de abril de 2009

o códice e o cinzel

Estreia nesta terça o documentário O códice e o cinzel, de Douglas Machado, sobre Luiz Antonio de Assis Brasil. O filme aborda uma série de temas relacionados ao escritor, como a Oficina de Criação Literária da PUCRS, a cidade de Porto Alegre, o pampa, a ascendência açoriana e a paixão pela música clássica. No Canal Brasil (Globosat, canal 66), às 10h30min.

Saiba mais sobre a Oficina de Criação Literária AQUI.

spammers gostam de tortéi

Ou será de abóbora?

Por alguma razão misteriosa, recebo um zilhão de spams diários aqui no blog na forma de comentários. Por isso, acionei uma ferramenta que exige que o primeiro comentário de cada usuário seja por mim liberado. O segundo, terceiro e assim por diante entram direto, sem a minha mediação. Por uma razão para mim ainda mais misteriosa quase todos esses spams se aplicam a um único post, intitulado "abóbora vai no tortéi", do dia 3 de março.

Alguém saberia explicar que fixação é essa?

sábado, 11 de abril de 2009

uvas venenosas

Acho que foi no ano passado que tive um pequeno piripaque - pequeno eu digo hoje, pois na época foi um fiasco grande. Eu estava em casa e comecei a sentir vontade de ir ao banheiro, ia até lá e nada. A cabeça doía, a vontade voltava, fiquei indo e vindo do banheiro, deitando no chão, me contorcendo, sofrendo por umas duas horas.

Como não passava, resolvi ligar pra minha mãe e dizer pra não me esperarem pro almoço. “Estou passando maaaaaaaaaaaaaaaal”. Minha mãe perguntou se eu queria que eles fossem até lá, eu disse que não precisava. Iam fazer o quê? Ela se propôs a ir igual, ia fazer um chá. Assim que desligou, fui até o quarto, chorei por uns dois minutos e o piripaque passou. Liguei de volta com vergonha do fiasco, mas era tarde. Já tinham saído. Minutos depois batiam à minha porta. Minha mãe com o almoço em mãos e o meu pai meio sem graça.

Pois bem, ontem à tarde me deu um negócio parecido. Um micropiripaque, que consistiu numa dor de cabeça forte e num mal-estar generalizado. Lembrando da experiência anterior, mesmo sem entendê-la, resolvi abreviar o processo. Liguei pros meus pais, que eu sabia estarem na praia, e relatei a situação. Assim que desliguei, fui pro banheiro e vomitei. Toda uva que eu tinha comido.

Mais tarde, no shopping com Vanessa L., sua mãe e sua filhinha Alice, contei o episódio. A mãe da Vanessa concluiu que foram as uvas. Também ela teve uma reação alérgica. Não vomitou, mas ficou com a pele toda empipocada.

Não sei. Pode ser. Há certos detalhes comuns aos dois episódios que prefiro deixar de lado. O determinante foi a uva. O chato é que eu adoro uva. E ainda tem na geladeira.

Vou comer bem devagarinho e com consciência e vamos ver se dessa vez me safo.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

pré-feriadão no súper

Hoje saí da Assembleia e encontrei dois deputados no supermercado, um da oposição, outro da base. E daí? Daí nada. Só achei engraçado termos estado toda a manhã numa mesma sala, sérios e compenetrados, e depois irmos todos ao mesmo súper. Eu queria comprar champagne (espumante), mas um deles não saía da frente da prateleira. Fiquei esperando.

Acho que todo mundo resolveu garantir as compras antes do feriado. Mas não havia motivo pra correria. Conforme informou-me o segurança, o Zaffari estará aberto todos os dias, em horário normal, inclusive na sexta.

(Súper-substantivo tem acento; super-prefixo, não)

lusófonos, participai

A Editora Positivo, que publica o Dicionário Aurélio, está aberta à colaboração de ativos e nativos falantes da língua portuguesa. Diz a responsável pela edição (Valéria):

“Você já procurou alguma palavra no Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, o Aurelião, e não a encontrou? Qual palavra era? Se esse for seu caso, por favor, envie essa palavra para mim. Estão aqui incluídas palavras de todos os tipos: técnicas, gírias, estrangeirismos etc.”

Quem passa o recado é o Antônio, da Vanessa, por isso as contribuições podem ser enviadas a ele:

Antônio Venâncio Jr.
antoniov@positivo.com.br
tel: 55-41-3218-1014
www.editorapositivo.com.br

***


A minha dissertação de mestrado versou justamente sobre novas palavras. Com o auxílio do meu orientador, professor Félix, criei uma taxonomia para os neologismos e apresentei orientações sobre como lidar com eles nos dicionários e no texto jornalístico. Foi um aprendizado grande, muito interessante, embora eu nem sempre o aplique (pensar cansa e coerência dá trabalho!). Um dia desses publico um resuminho por aqui.


***


Eleito por 115 votos, Aurélio Buarque de Holanda Ferreira será o homenageado do XIII Congresso Nacional de Linguística e Filologia. Ismael de Lima Coutinho ficou em segundo lugar, com 101 votos, e Carlos Henrique da Rocha Lima em terceiro, com 76 votos.



O evento será de 24 a 28 de agosto na Universidade do Estado do Rio de Janeiro e as inscrições podem ser feitas pelo site www.filologia.org.br/xiiicnlf.

O problema é que no mesmo exato período (24 a 28 de agosto), realiza-se a 13ª Jornada Nacional de Literatura, em Passo Fundo, com participação de Zuenir Ventura, Ignácio de Loyola Brandão, Pierre Lévy, Moacyr Scliar, Nélida Piñon, Guilherme Fiúza e muitos, muitos outros.

terça-feira, 7 de abril de 2009

7 de abril

Feliz Dia do Jornalista para nós!

Colegas, já temos um pretexto hoje para almoçar no Multipalco (embora os salários não permitam extravagâncias).



Meu amigo Felipe ficaria intrigado. É dele a pérola:



"Não entendo esse povo que fica dizendo que não dá nem pra comer com um salário mínimo. Eu e o Fausto jantamos perfeitamente bem ontem à noite e gastamos 300 reais."

sábado, 4 de abril de 2009

as estantes dos meus irmãos

Fabrício:


[caption id="attachment_802" align="aligncenter" width="477" caption="Da esquerda para a direita: O Guia de Investimentos, Guide to Investing, Filho Rico Filho Vencedor, Como ficar Rico, Aposentado Jovem e Rico, Profecias do Pai Rico, (…) Dinheiro, Empreendedor Rico, Vendedor Rico, Own your Own Corporation, Como conseguir dinheiro, Yout to be Rich, O Milionário em um Minuto..."][/caption]

 Mirella:

[caption id="attachment_816" align="aligncenter" width="477" caption="Vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. "][/caption]

.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

hábitos de leitura na família peruzzo

Acabo de chegar da casa dos meus pais, onde almoço quase todos os fins de semana. Quando saí, minha irmã estava no quarto arrumando a estante. "Quais são as cores do arco-íris?", me perguntou. Respondi algo do tipo "sei lá, procura na internet" e ela surgiu com uma dúvida ainda mais pungente: "mas tu sabe a ordem das cores do arco-íris?"

Ora, por quê... Minha irmã havia decidido organizar os seus livros por esse critério, algo que ela leu num blog (os blogs estão cheios de ideias úteis). Ela estava nos tons vermelhos quando bati a porta, mas não sei se começou do começo. Pedi que tirasse uma foto ao terminar.

Haverá alguma cor predominante? Se houver, representa alguma preferência literária da minha irmã? Ou uma tendência do mercado editorial?

Possivelmente, a Mir está cheia de coisas para fazer (e qualquer coisa parece mais importante do que organizar os livros segundo as cores do arco-íris), mas o ser humano é assim: às vezes se atém a detalhes. Não é nos detalhes que reside o encanto do inusitado?

***


Na estante do meu irmão a ordem dos livros é mais ou menos assim: Você milionário, Pai rico pai pobre, Meu jeito de fazer negócios, O homem mais rico da Babilônia, Empreendedor rico, Investimentos inteligentes, O segredo para realizar seus sonhos...

Enfim, mesmo pai, mesma mãe, mas... ei... peraí, existe um elo entre os dois:

O que é mesmo que há no final do arco-íris?

quinta-feira, 2 de abril de 2009

hein? quando?

Manhã de sábado. Alguma coisa acontece na cidade, mas não sei o quê. Eu estava tentando espichar o sono, postergar as tarefas, mas não deu. É muita buzina invadindo a janela. Ou talvez não esteja acontecendo nada. Agora que levantei já nem ouço tanto, mas... aaaah... não, está sim acontecendo alguma coisa... São aquelas buzinadas ritmadas... bi-bi  bibibi. Na tevê, passa desenho. O rádio não funciona. Internet, vejamos... Milhares de colorados se reúnem para celebrar o centenário... tá explicado...

terça-feira, 31 de março de 2009

sobre a vírgula

Não gosto da ideia do blog como um repositório de artigos alheios, mas às vezes dá vontade de publicar uma ou outra coisinha... Abaixo  a campanha dos 100 anos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), enviada pela Mariza:





Vírgula pode ser uma pausa. Ou não: Não, espere. / Não espere.

Ela pode sumir com seu dinheiro: 23,4. / 2,34.

Pode ser autoritária: Aceito, obrigado. / Aceito obrigado.

Pode criar heróis: Isso só, ele resolve. / Isso só ele resolve.

E vilões: Esse, juiz, é corrupto. / Esse juiz é corrupto.

Ela pode ser a solução: Vamos perder, nada foi resolvido. / Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião: Não queremos saber. / Não, queremos saber.

Uma vírgula muda tudo.

ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação.

Detalhes Adicionais:

SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.

Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER.
Se você for homem, colocou a vírgula depois de TEM.

***


Eu tinha tanta coisa pra escrever, mas precisaria me concentrar. Agora não dá, de novo. Vou anotar aqui pra depois retomar: critérios de noticiabilidade, pombo morto a tiros, atropelamento, blog do Tas.

segunda-feira, 30 de março de 2009

pensamentos incompletos

1- Hoje a aula de ioga estava abarrotada. Não gostei. Se continuar assim, vou ter que reconsiderar.

2- Queria escrever sobre um comentário que li no blog do Marcelo Tas: admirar ideias x admirar pessoas. Gostei do tema. Mas fica pra outro dia. Preciso dormir.

3- Fui com a Dani e a Vanessa L. a um centro espírita.

domingo, 29 de março de 2009

guatemala

[caption id="attachment_728" align="alignleft" width="210" caption="Foto tirada pela Vanessa. A menina pedia quetzales em troca do clique."]Foto tirada pela Vanessa. A menina pedia quetzales em troca do clique.[/caption]

Em fevereiro de 2008, a Noemia, a Vanessa e eu viajamos ao Panamá, à Costa Rica e à Guatemala. Adoramos o Panamá e a Costa Rica, mas o que mais nos impressionou foi a beleza e o colorido da Guatemala. Na época, escrevemos um texto para publicar em alguma revista, mas até hoje não o fizemos, por isso o publico aqui.

Em contos → relatos de viagem Guatemala.

sábado, 28 de março de 2009

viva o centro a pé II

[caption id="attachment_673" align="alignleft" width="158" caption="Cuidado com os urinóis!"]Cuidado com os urinóis[/caption]

Fizemos um lindo passeio por Porto Alegre, hoje, sob a orientação de um arquiteto, funcionário da prefeitura. Eu e a Vanessa (que está aí pro que der e vier) nos integramos a centenas de milhares de pessoas (é exagero, mas tinha muuuita gente) na esquina das ruas Coronel Genuíno e Marechal Floriano, seguindo pela Borges de Medeiros até o Largo Glênio Peres e o Paço Municipal.

Foi uma aula sobre alguns dos principais prédios e monumentos do centro. O viaduto Otávio Rocha, por exemplo, que liga a Cidade Alta à Cidade Baixa, foi inaugurado em 1932, com estrutura de concreto armado e revestimento de cirex, uma massa raspada com mica que imita pedra. Conforme o guia, o “equipamento” passou por uma restauração não muito tempo atrás, mas, logo depois, num único dia, foi todo pichado.

Ele apontou um prédio muito bonito logo adiante que também foi restaurado, mas pintado com uma tinta especial à prova de pichações (basta lavar).

Na esquina da Borges de Medeiros com a Rua da Praia, observamos o primeiro arranha-céu da cidade. Uma das inovações do prédio foi permitir que as pessoas passassem por baixo dele na calçada. Isso evitava que fossem atingidas pelo conteúdo dos urinóis que se costumava lançar das janelas.

Hoje, porém, quem passa ali por baixo é atingido por pingos que escorrem do teto mofado, e eu, no viaduto da Borges, levei um toco de cigarro no olho (insuficiente para tirar o brilho do passeio - só porque estava apagado, é claro!).

Conhecemos ainda um pouco da história do prédio da Livraria do Globo, da Galeria Chaves, do Chalé da Praça XV, do Mercado Público e da Prefeitura. Nesta, fomos recebidos pelo vice-prefeito, recentemente entrevistado pela Vanessa para a série “Constituintes”, mas dispensamos o discurso e fomos almoçar no Dado Pub da Padre Chagas (depois de comprar queijo e damascos no Mercado Público).

Pena que a Márcia e o Marcelo não puderam ir.

***



Esse olhar sobre os prédios históricos em contraste com o tanto de lixo arquitetônico a cercá-los me fez pensar no tema deste blog, esse bichinho lento e simpático. Como é bom ter havido pessoas que levaram adiante obras grandiosas e bem pensadas que embelezam a cidade até hoje. E que pena ter havido muito mais gente imediatista, indiferente às gerações futuras e à harmonia espacial, dada a quantidade de garagens horrendas e prédios-caixa no centro da cidade.

Desacelerar é preciso!

hora do planeta

[caption id="attachment_650" align="alignleft" width="250" caption="WWF: You can help, stop global warming"]you can help[/caption]

Pela primeira vez, o Brasil participa da Hora do Planeta, um ato simbólico, promovido pela WWF, no qual todos somos convidados a apagar as luzes durante uma hora para demonstrar preocupação com o aquecimento global. A campanha foi lançada em 2007 em Sidney, na Austrália. No ano passado, envolveu 371 cidades de 35 países. Neste ano, foram 2.848 cidades de 83 países.

Já ficaram às escuras hoje alguns dos principais cartões-postais do mundo, como o Coliseu, em Roma, e a ponte Golden Gate, em São Francisco. Em Porto Alegre, em poucos minutos, serão apagadas as luzes da estátua do Laçador e da Usina do Gasômetro.

Quem quiser participar deve apagar as luzes de casa (computadores também?). Neste sábado, das 20h30 às 21h30.

***




[caption id="attachment_656" align="alignleft" width="250" caption="Parece o queijo gouda que deixamos hoje no carro, hein, Vanessa..."]Parece o queijo que deixamos hoje no carro, hein, Vanessa...[/caption]

Há uma infinidade de artigos na internet questionando a existência de uma relação entre o aquecimento global e as atividades humanas e até mesmo do aquecimento global em si. Quem tem razão? Não sei. Mas uma coisa me parece evidente: ainda que não na forma e/ou nas proporções apregoadas, a atividade humana interfere sim na saúde do planeta.

Alguns contestadores (buscados no google):



Andrew Marshall: Recentemente foi apresentado no Canal 4 do Reino Unido o documentário The Great Global Warming Swindle (A grande burla do aquecimento global) que afrontou o discurso político oficial de que o "aquecimento global" e as "alterações climáticas" são causados pelas atividades humanas.

O documentário, com o testemunho de muitos cientistas e especialistas do clima (...), apresenta como causa principal das alterações climáticas as variações da atividade solar. É, apesar de tudo, uma teoria [que se contrapõe a outra, mas que não esgota o assunto]. Assim que se começou a dizer, estranhamente, que o "debate está concluído", porque em ciência o debate nunca está concluído, começaram a aparecer perguntas, que deviam ser respondidas, e a surgir novos temas que conduzem a avanços da ciência [climática].

Marcel Leroux: O aquecimento global é uma hipótese fornecida por modelos teóricos. Baseia-se em relações simplistas que anunciam um aumento da temperatura, proclamado mas não demonstrado. São numerosas as contradições entre as previsões e os fatos climáticos observados diretamente. A ignorância destas distorções flagrantes constitui uma impostura científica.

quinta-feira, 26 de março de 2009

agenda de sexta

Amanhã (27) o dia será longo. Audiência com a ministra Dilma e cobertura digna de futura presidente do Brasil (isso foi o que nos passaram na pauta). Melhor ir dormir.



Curso sobre reforma ortográfica cancelado.



À noite, cumprimentos ao Leo (substantivo próprio), que convida para a sua festa de formatura (muito engraçado esse Leo!):

Queridos amigos,
contrariando todas as probabilidades, surpreendentemente, no final do ano passado, concluí minha licenciatura em Letras, iniciada no distante ano de 2001.Como todos sabem, tenho ojeriza a cerimônias formais de todo tipo, portanto não tomei parte da formatura na qual colaria grau, ocorrida no último dia 15, na reitoria da UFRGS.


Entretanto, serei obrigado a participar da cerimônia de gabinete, na qual faço o juramento e sou oficialmente declarado licenciado em Letras, na presença do diretor da faculdade e de testemunhas. Esse espetáculo bizarro ocorrerá na próxima quinta-feira à tarde. Com o intuito de celebrar o término de tão importante etapa de minha vida, resolvi convidá-los para fazer um brinde comigo, não na quinta, mas na sexta, a fim de poder pôr o pé na jaca.

Parabéns, Leo!! :)

E parabéns também à Mariza, colega de oficina, que aniversaria hoje!!

quarta-feira, 25 de março de 2009

se eu fosse bruxa

[caption id="attachment_617" align="alignleft" width="160" caption="Andaria de preto dos pés ao chapéu. E lançaria do céu..."][/caption]

Por e-mail, entre colegas de Oficina Literária, prossegue uma longa e exaustiva discussão sobre a publicação conjunta que estamos preparando. O lance mais recente envolveu a mim e à Ana S. quando aceitamos a tarefa, que seria do editor, de revisar o texto (enquanto o Roger apontará problemas de diagramação).

A Stela ficou feliz com o nosso gesto e disse que somos uns amores, o que me dá o gancho para publicar o meu único poema: aqui.

Não é pra me fazer de vítima, é só pra ter um gancho mesmo :)

terça-feira, 24 de março de 2009

à toa

Só me dei conta ao ir dormir, ontem à noite: não é à toa que a gente escreve o que escreve. E, se me pus a pensar em mentira, sono, insônia e felicidade, alguma razão havia. Juntei os pauzinhos e compreendi: ando mentindo a mim mesma e o meu sono já não é mais o mesmo. Bem tenho vontade de pegar o TRAVESSEIRO e ir lá no laboratório do sono pra ver como me saio.

segunda-feira, 23 de março de 2009

feliz, muito feliz, pouco feliz

A Dani Aspis veio comentar meu último post: "Pra que contar toda a tua vida, mulher? Mente um pouco, conta só o lado bom". Bem, pra começar, o blog está longe de ser toda a minha vida. Não chego a mentir, mas conto o que quero, a meu modo. Com as lentes mais cor-de-rosa ou mais escuras, dependendo do estado de espírito. Mesmo um blog precisa desses altos e baixos.

Imagine a Dani com insônia na sexta-feira à noite entrando na internet pra se distrair e lendo sobre a minha decisão repentina de passar o fim de semana em Paris... Isso depois de saber do meu encontro casual com o Mark Ruffalo e do bilhete premiado que encontrei no chão. Aposto que ela torceria o nariz e não voltaria àqui (sempre quis botar uma crase assim – tá errado, não repita em casa).

O fato é que quando estou verdadeiramente de mal com o mundo não tenho vontade de escrever. Fico ali remoendo alguma frustração, gritando por dentro e dizendo a mim mesma que vai passar.

Quando estou levemente de mal com o mundo, um pouquinho entediada, tenho vontade de escrever e transformar uma realidade mediana em algo mais divertido. Ou penso em algo estapafúrdio, como ontem à noite, quando saí de casa pra comprar um abacate e depois o passei no cabelo (meio abacate, uma clara de ovo e algum óleo de cozinha, tudo misturado no liquidificador, caso alguém queira repetir em casa).

Desse estágio mediano, consigo, às vezes, passar ao seguinte, o feliz. Esse é o melhor de todos, pois pressupõe a satisfação pelo já conquistado e a confiança no que está por vir, um bem-estar ameno.

Já o muito feliz é mais complicado. Enquanto me ocupo com isso, é preciso administrar a ansiedade. Sim, porque o muito feliz pressupõe ansiedade. Geralmente envolve alguém que não me quer, mas veio a me querer, ainda que momentaneamente.

Tudo é momentâneo, não é?

Mas então... pra que escrever isso num blog? Talvez por uma necessidade de dividir o que penso, de forma ordenada, sem a consciência ou a responsabilidade de estar falando diretamente a alguém. Quem está do outro lado não tem obrigação alguma de ouvir, se está aqui é porque quer...

E fico feliz que esteja!

***



Insônia. O Fantástico mostrou uma matéria ontem sobre o assunto. Pessoas que só pegam no sono às seis da manhã. Felizmente, não sofro desse mal. Adoro dormir e me entrego totalmente a esse prazer, embora meu sono já tenha sido melhor.

Tempos atrás meu irmão teve curiosidade de saber como estava nesse departamento. Pegou o seu pijama e o seu travesseiro e foi passar a noite num laboratório do sono, todo monitorado. Descobriu que acordava milhares de vezes e precisava perder peso, mas acho que não fez nada a respeito.

Vou pedir o endereço pra ele, se alguém tiver interesse...

***



Hoje a Sílvia está de aniversário. Parabéns, Sílvia! Que todas as tuas mentalizações se concretizem - como naquele dia do bife! :)

[ Eu sempre ouço de manhã cedo, em 23 de março, os cumprimentos à Ana Amélia Lemos, tua "co-alguma-coisa" (como se chama quem nasceu no dia do nosso aniversário?). Também aniversaria(va)m o Moacyr Scliar, o Akira Kurosawa e a Joan Crawford. E – vê que coincidência – fiquei falando de insônia e descobri que hoje é o Dia Mundial do Sono ]

De presente te mando o link dos eventos históricos e dos nascimentos de hoje.

sexta-feira, 20 de março de 2009

retomando...

Hoje é sexta-feira. A Vanessa me perguntou de tarde se eu queria sair e eu disse que não, preferia amanhã. Mas, como ela queria muito sair hoje, eu disse que sim. Agora há pouco, com muita preguiça, tomei banho, botei uma roupa preta com brilhos e mandei um sms a ela perguntando se estava confirmada a saída. Ela respondeu “sem chance” e eu pensei “que bom”.

Vim pra internet. Vestida de preto, com brilhos, e o Globo Repórter ao fundo. “Estamos gastando bem o nosso dinheiro?” Não sei. Prefiro quando falam de pesquisas em saúde, do poder dos alimentos, coisa e tal. Mas deixei a voz do Sérgio Chapelin baixinho.


Falando em pesquisas de saúde, cobri uma audiência pública nesta manhã sobre células-tronco. Uma das palestrantes disse que há muitos avanços na área, mas que não há milagres. E deu um site que revela todos os testes clínicos em andamento com seres humanos: clinicaltrial.gov.


Também disse que não há nenhuma terapia celular consolidada, fora os transplantes de medula óssea. Isto é, há vários estudos com seres humanos (nenhum envolvendo células embrionárias), mas os médicos ainda não podem sair receitando tratamentos com células-tronco a seus pacientes.


Segundo ela, não se sabe exatamente que células estão exercendo determinado efeito, mas isso não chega a ser um problema: “Por muito tempo se tomou aspirina sem se saber direito como ela agia”.




[caption id="attachment_569" align="alignleft" width="310" caption="A medicina que faz milagres: tratamentos com células-tronco no Brasil (23/11/2005) / Estes bebês são pioneiros de uma revolução* (24/03/2004)"][/caption]

Por fim, a palestrante disse que não é pra acreditar em tudo o que a mídia diz. E mostrou duas capas da revista Veja que, segundo ela, apresentam o assunto de forma sensacionalista.


Embora, no interior da revista, a matéria esteja correta e esclareça a real situação das pesquisas, a maioria das pessoas não chega à terceira página, disse a cientista.


*Em vez de falar em revolução, ela prefere o termo promessa. Mas foi uma das palestrantes, e não a mídia, quem associou as terapias com células-tronco àquilo que representaram os antibióticos em outros tempos.


***


Ontem, quinta-feira (19), viajei a Não-Me-Toque para acompanhar audiência pública sobre os impactos da crise mundial no Estado. Os participantes redigiram um documento com sugestões que foram entregues ao ministro da Agricultura.


Sempre me divirto nessas viagens. Mesmo tendo ficado numa espelunca e congelado por dez horas na ida e na volta (cheguei a comprar um par de meias no caminho pra esquentar os pés), os colegas, as piadas e o ‘conhecer lugares novos’ compensam.


***



Assim que cheguei a Porto Alegre, fui ao Bourbon Country com a Elenise para assistir a uma peça do Paulo Goulart e da Nicete Bruno: O Homem Inesperado (cortesia da Noemia, pra variar :). Muito legal.

Me lembrou um pouco o relato do professor Assis Brasil sobre o livro A Fera na Selva, de Henry James (digo o relato e não o livro porque não o li). Mas às avessas, já que os personagens da peça no fim “se entregam”.

Acho que não está mais em cartaz.

terça-feira, 17 de março de 2009

reforma ortográfica

Li em algum lugar que a Academia Brasileira de Letras (ABL) havia finalmente lançado a nova edição do Volp. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. E que estaria à venda. Devo ter lido errado, porque agora fiz uma busca e descobri que ele será lançado na quinta-feira (19). Para quem não sabe, o Volp é uma lista de palavras da língua portuguesa, elaborada pela ABL, que indica a nós, povo, como escrevê-las de acordo com a língua padrão.

Amanhã (18), às 17h, o presidente da ABL, Cícero Sandroni entregará aos ministros Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência), Fernando Haddad (Educação) e Juca Ferreira (Cultura) o primeiro exemplar da 5ª edição da obra, destinado ao presidente Lula. O volume apresenta 349.737 vocábulos em 887 páginas.

Eu gostaria de saber sobre a edição na internet. Vamos ter que comprar o Volp? Ele sempre esteve online na página da ABL. Quando voltarão a publicá-lo lá?

***



Nos dias 27 e 30 de março, teremos, na Assembleia, um curso sobre a reforma ortográfica. Apesar de já vir adotando as novas regras e acreditar que as dúvidas possam ser resolvidas pelo Volp, gosto muito de ter aulas. Nunca fui daqueles alunos que parecem ter pulga na bunda e não conseguem ficar parados :)

ser ou não ser, eis a questão II

Essa história de blog não é fácil. A gente inventa moda e não quer se render, fica achando que tem que postar algo todo dia e, quando vê, está meio viciado, trocando a academia pra ficar arrumando uma palavrinha aqui, um fotinho ali (enquanto come seis barrinhas de cereal sem perceber). Pra alguém meio obsessivo-compulsivo isso não faz bem.


Além de descartar a academia, faço de conta que nem sei da reunião de condomínio hoje, desprezando o sinal do destino que me colocou no elevador com o síndico nesta manhã.


Eu estive pensando sobre o meu jeito de ser. Penso muito em duas coisas: no que tenho por prioridade, isto é, no tempo que dispenso a uma atividade ou outra, e no desejo de cada vez mais dizer o que penso. Na verdade, mais do que pensar nisso, penso que devo pensar nisso. Por prioridades, entendo escolhas. Eu as estou sempre questionando: se pensei x agora, no minuto seguinte já não sei se é isso mesmo.


Normal, até certo ponto. Sempre desconfio de quem está no extremo oposto e defende suas convicções com unhas e dentes.


Mas o receio de dizer o que penso, às vezes, vem daí. Nesse sentido, o blog é um bom exercício. Acho que tenho mudado um pouco e conseguido me expressar cada vez mais no momento certo e sustentado por mais tempo o mesmo pensamento. Tento enumerar os motivos pelos quais emiti tal opinião e aceitar que aquela era a decisão certa ou possível naquele momento.


Enfim, a gente se liberta um pouquinho com o tempo.


Mas não sei...


Ainda dá tempo de ir pra academia...


E o que será que os vizinhos estão aprontando neste momento?


***


Notícias do front - Amanhã (18) e depois de amanhã (19), as comissões de Agricultura, Economia e Finanças da Assembleia realizam audiência pública em Não-Me-Toque, na Expodireto Cotrijal. Mandarei notícias (literalmente).


Para quem fica por aqui, tem show gratuito de soul music com Andréa Cavalheiro amanhã, às 18h30, no Solar dos Câmara (Duque de Caxias, 968), ao lado do prédio da AL (ehehe estou me achando “a” colunista cultural!).

segunda-feira, 16 de março de 2009

fora do ar

Fiquei um tempinho sem site hoje por falta de pagamento. Bem na hora em que eu disse pra Márcia ir olhar o post dos cemitérios. É que o boleto do Registro.br dizia para pagar até junho. Mas não era bem assim. Até junho era para não perder o domínio. Agora a situação está resolvida. Acabo de pagar pelo homeBanking, após solicitar novo boleto. Toda a operação levou 24 minutos (descontado o tempo em que fiquei ligando pro meu irmão e pra minha irmã pra saber o que estava acontecendo).

viva o centro a pé

[caption id="attachment_511" align="alignleft" width="210" caption="Foto tirada pela colega Stela Rates no cemitério da Santa Casa"][/caption]

No dia 28 de março (sábado), a prefeitura de Porto Alegre promove mais uma caminhada orientada pelo centro histórico da cidade. O grupo se encontra às 10h, no totem do Caminho dos Antiquários, na junção das ruas Coronel Genuíno e Marechal Floriano, e segue pela Borges de Medeiros até o Largo Glênio Peres e o Paço Municipal.

No ano passado, eu, a Márcia, o Marcelo e a Vanessa visitamos os cemitérios Evangélico e da Santa Casa de Misericórdia, que integram o Caminho dos Cemitérios. O da Santa Casa foi o primeiro cemitério público "extra-muros" de Porto Alegre, instalado em 1850, e ainda hoje o maior da cidade. Alguns amigos tiraram fotos lindíssimas no local. As da Stela (vide imagem acima) estão em www.projetocontato.com.br.

Colegas de Oficina, vocês sabiam que houve também uma caminhada literária, orientada pelo Fischer?

Inscrições pelos fones (51) 3289.3738 e 8114.5504 ou pelo e-mail vivaocentroape@gmail.com. Mais informações no site: www.portoalegre.rs.gov.br/vivaocentro.

domingo, 15 de março de 2009

festival de verão II

[caption id="attachment_495" align="alignleft" width="188" caption="Procurando no Google uma imagem para ilustrar a frase em latim, apareceu essa aí!"]Procurando no Google uma imagem para ilustrar a citação latina, apareceu essa aí![/caption]

A propósito, saí de casa hoje pensando em ver dois filmes seguidos no Festival de Verão, que se realiza em Porto Alegre de 12 a 19 de março: Toni Maneiro, que a Patrícia tinha programado, e, talvez, Dúvida. Convidei o Felipe pra me acompanhar e ele me enrolou direitinho. Ficamos tomando café, olhando os livros na Cultura e acabamos perdendo a hora. O Felipe comprou um livro de citações gregas e latinas (sim...). E eu, diante da sua aquisição, prefiro me calar quanto à minha.

Pra não ficar no prejuízo, aprendi uma frase latina: Barba non facit philosophum.

o tigre branco



Em tempos de Caminho das Índias, li um livro chamado O Tigre Branco, do indiano Aravind Adiga, vencedor do Man Booker Prize de 2008. A história é muito curiosa, e o estilo, personalíssimo.

O protagonista é um empresário indiano de sucesso que, ao saber que o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, está com viagem marcada para o seu país, resolve escrever-lhe cartas contando a sua trajetória.

Nelas, ele relata como se tornou um verdadeiro “tigre branco”, revertendo o único destino que lhe era possível, ao realizar o que considera o seu grande “gesto de empreendedorismo”: assassinar o patrão.

A desigualdade social, o sistema de castas, a religiosidade, tudo compõe uma realidade bastante familiar a qualquer brasileiro. Mas a ironia inteligente do autor impede que torçamos o nariz para esse cenário tão conhecido (e pouco confortável).

O primeiro capítulo do livro está na internet: www.otigrebranco.com.br.

***



No dia 16 de janeiro, prometi a mim mesma que assistiria ao último capítulo de A Favorita e, então, deixaria de ver novela. Queria ocupar o tempo com coisas mais úteis (tipo este blog – ahaha). Tenho esses rompantes de vez em quando. Desse modo, não sei como é a Índia de Gloria Perez :)

sábado, 14 de março de 2009

festival de verão

Porto Alegre está promovendo, de 12 a 19 de março, um festival de cinema com filmes de vários países. A Patrícia me ligou anteontem para combinarmos algo e fiquei interessada, mas hoje já não a encontrei mais. Nem precisa me dizer o que aconteceu. Ela deve estar enfurnada no cinema, feliz, assistindo a um filme atrás do outro!

Mais informações em: www.festivalverao.com.br.

cores

Depois do colorstrology, quero voltar a falar de cores. Passei a tarde hoje brincando com elas. Tentei fazer um logo mais colorido, mas não consegui publicá-lo. Mais tarde, eu descubro como fazer isso.

[ Na comida ]

[caption id="attachment_453" align="alignleft" width="210" caption="Almoço na Guatemala"]Almoço na Guatemala[/caption]

Não é nenhuma novidade o poder das cores, mas não custa reforçar o tema. Nada como um prato bem colorido, com muito vermelho-tomate, beterraba, vários tons de verde, do alface ao brócolis, grãos terrosos, suco de laranja, suco de uva. Já dá vontade de comer só de pensar no bem que isso faz. Pena que nem sempre se tem paciência para preparar um prato lindo, e a farinha e o açúcar acabem tomando lugar.

[ Na decoração ]

Quando me mudei pro meu primeiro apartamento, decidi que teria uma parede bem colorida, cheia de vermelho e amarelo queimado, muitas coisas penduradas, e um lado da sala clarinho, neutro, pra descansar a vista. Mais ou menos cumpri esse intento, mas as cores foram cada vez mais invadindo o espaço. Agora, na casa nova, repeti a estrutura neutra (piso, paredes, azulejos claros) e a venho mantendo assim. Está uma casa adulta, muito clean. Só não sei até quando. Uma hora dessas, começo a desencaixotar tudo e alegrar as paredes.

[ No amor ]

Ontem, eu li no Uol que os homens se sentem mais atraídos por mulheres vestidas de vermelho - embora as mulheres não se sintam especialmente atraídas por homens em trajes desta cor (as mulheres sempre mais sensatas; sorte dos gremistas).

Mas está se falando aí de atração sexual. Para despertar sentimentos mais ternos ou um desejo de constituir família talvez seja melhor investir em outras cores.

Quem sabe um rosa?

[ Na nossa coletânea ]

Quando nos apresentaram a sugestão de capa para a coletânea de contos que vamos publicar pela Oficina Literária, metade da turma detestou. Eram flores de plástico em um fundo branco que passavam uma ideia de morte e devoção. Eu achei meio tristonho, mas gostei. O tema da coletânea é o amor. Um colega (o mesmo que perguntou quem queria ser escritor) disse que imaginava uma capa muito vermelha, rojo pasión.

[caption id="attachment_451" align="alignleft" width="154" caption="Os colegas não aprovaram a braguilha. Ainda bem que tenho um blog pra publicar o que iria pro limbo"]Ainda bem que tenho um blog pra publicar o que iria pro limbo[/caption]

Adorei a ideia - rojo pasión - e, como também adoro me meter aonde não sou chamada, fiquei tentando pensar numa capa. Acabei chegando (com a preciosa colaboração de minha irmã) ao modelo aí ao lado, que modéstia à parte, acho que ficou muito bom. O problema é que só eu achei. Eu e o colega rojo pasión. E, se era para haver controvérsia na turma, melhor que fosse contra o editor.

Um colega publicitário, acompanhando o debate, sintetizou o desejo do grupo sugerindo uma capa vermelha lisa. Pediu para a diretora de arte da agência elaborá-la e, devo admitir, ficou linda. Maldosamente, eu diria que “se ela conseguiu deixar bonita uma folha lisa, imagina o que faria com uma ideia”.

sexta-feira, 13 de março de 2009

no mar

Ah sei lá... eu ia escrever algo, mas esqueci. Foi uma semana movimentada. Às vezes, acontece tanta coisinha junta e eu acho que vou transbordar, depois tudo se acalma e percebo que continuo a mesma. Vamos ver, vivendo um dia de cada vez.

É aquela velha história do foco, da yoga, da busca por equilíbrio. Estou aqui quietinha, entretida com blog, trabalho, atividades físicas, velhos amigos, quase plena e alheia aos apelos externos... E aí é natural querer botar o nariz pra fora da porta, ver o que está acontecendo do outro lado.

Pronto, por mais que eu me sinta forte e preparada, já vem o abalo. É sempre difícil equilibrar o interno e o externo.

Ohmmmm

terça-feira, 10 de março de 2009

colorstrology

colorstrologyA Ingue me manda um site engraçadinho: o colorstrology. Ele informa a cor de cada pessoa conforme a data de nascimento. Ciência pura. A minha é: Mistletoe (Pantone 16-0220).

E, claro, só a cor não teria graça:

YOU have an active mind and a gift for intuition. Highly sensitive, you need to guard against excess worry and self-doubt. You have a strong sense of duty (...)

É por esse strong sense of duty que eu fico aqui escrevendo bobices.

segunda-feira, 9 de março de 2009

a volta do amarildo

Pode parecer brincadeira, mas acabo de atender o telefone e uma voz (a mesma que tempos atrás procurava o Amarildo) apresentou-me as seguintes alternativas:

- Se você é Paulo Antônio de Freitas Rosa, digite 1. Se não é, mas conhece esta pessoa, digite 2.

Desliguei (vide post "dia desses", de 19 de fevereiro).

Mas (não contei aqui) há outro precedente: dias depois do primeiro telefonema (à procura do Amarildo), ligaram de novo e, desta vez, disquei 2. Me mandaram anotar um número 0800 e informá-lo ao Amarildo. Segundo a voz, era assunto do interesse dele.

boas surpresas

[caption id="attachment_381" align="alignleft" width="210" caption="Detalhe da obra Prainha 1 (Acrílico sobre tela), de Paulo Thumé "]Detalhe da obra Prainha 1 (acrílico sobre tela), de Paulo Thumé [/caption]

Sexta-feira, conheci dois casais de amigos da minha prima Elenise. Muito queridos, amalucados na medida certa. Fomos jantar no Monte Polino e rimos muito das bobagens ditas à mesa.

Uma dessas bobagens foi a minha prima me apresentar a um deles (artista de verdade) como "a Mari é artista que nem tu". Desfiz o equívoco na hora, graças a deus.

Quem conhece minha fase "quero pintar baianas", pode conferir a diferença gritante: www.paulothume.com.

Amei as favelas, os gatos, as cores, tudo.

domingo, 8 de março de 2009

corpo humano, real e fascinante

Difícil ficar indiferente à exposição Bodies, em cartaz no Barra Shopping Sul. Uma das sensações que se tem é a de que não somos nada além de um pedaço de carne, um amontoado de vísceras, tendões e nervos. O contrário também é verdadeiro: "não é possível que isso seja tudo". Mesmo que isso represente uma máquina e tanto.

Instaura-se um espírito solidário entre os espectadores: "eu sou assim, você também, estamos no mesmo barco, complexos e impotentes". O que fez, o que pensou, o que foi o cidadão ali exposto pouco se sabe; já o seu destino...

O público (muitas crianças!) observa com curiosidade científica os 16 cadáveres e 225 órgãos humanos que compõem a mostra.

[ Enquanto escrevo, minha amiga passa anil em toda a casa. Pra afastar o que há de real mas além da nossa compreensão. ]

sexta-feira, 6 de março de 2009

ser ou não ser, eis a questão

Em meio ao debate que o meu grupo de Oficina Literária vem travando, nas últimas semanas, a respeito da publicação da nossa coletânea, um dos colegas perguntou: “Afinal, quem quer ser escritor e quem considera isso um hobby”? Alguns acharam a pergunta irrelevante, todos queremos um belo livro e o importante é o conteúdo.

O colega discordou. A resposta implicava uma série de outras coisas: “Um escritor se irrita até quando o editor deixa um espaço duplo entre duas palavras. Um escritor revisa a revisão. Revisa a revisão da revisão. E pouco se importa com o que não tem a ver com o texto ou com o livro. Aliás, não se importa nem com dinheiro, se se importasse escolheria outra profissão”.

É bom ouvir isso. Mesmo que não se tenha resposta para a pergunta. Não é fácil dizer para si mesmo: “quero ser” ou “sou” escritor (escritor é profissão?). Também não é fácil dizer “não me importo com dinheiro” (ou melhor, pode até ser fácil dizer, mas acreditar mesmo nisso...). Não é fácil lidar com as próprias limitações e convencer a si mesmo de que não está perdendo tempo ou buscando algo vago e impalpável.


No caso da oficina, acho que o colega já sabe a resposta. Num grupo de 16 - mesmo que os editais deixem claro que o curso se destina a aspirantes à profissionalização e não a escritores de fim de semana - as motivações, o momento, a disposição e até mesmo o talento (?) de cada um variam bastante. É só por isso que a pergunta se torna irrelevante.


Não fazê-la nunca, porém, é deixar espaço para os amadores.