quinta-feira, 13 de agosto de 2009

mpf

Anteontem larguei o Eça de Queirós na cabeceira e me pus a ler as 250 páginas do primeiro volume da ação civil do MPF. Embora ache o fim do mundo a tal quebra de sigilo (o cidadão vai recorrer a quem no caso de se sentir exposto/lesado, se nem as instituições o respeitam?), meu lado humano, falho e curioso prevaleceu (fora o interesse jornalístico, literário e jurídico do caso).

Ignorante que sou (nunca havia lido uma ação desse tipo) e esquecendo tratar-se de uma peça acusatória, imaginava encontrar um texto sério, contido, que aspirasse à imparcialidade, e acabei me surpreendendo com o estilo.

Também me surpreendi com os personagens, tão próximos! Até o... deixa pra lá... Constrangedor foi ver algumas pequenices do dia-a-dia da AL expostas numa peça policial.

Registro a variação de termos para descrever a suposta quadrilha e suas atividades criminosas: “mega-esquema delituoso”, “verdadeiro pool empresarial da criminalidade”, “bureau criminoso”, “societas delinquentium”...

E alguns excessos:

exclamações duplas - "o escoamento, a sangria, o desvio dos já combalidos cofres estatais provocou dano estratosférico, na ordem de quarenta e quatro milhões de reais!!";

considerações sobre o caráter do gaúcho - "levantando-se o pano da cena delituosa e restando desnudada toda a fraude, o que tornou possível a identificação dos atores criminosos integrantes da quadrilha, urdida, arquitetada e desenvolvida nos bastidores acadêmicos e políticos riograndenses, tão decantados como supostos paradigmas de excelência e ética perante a Nação brasileira";

e até uma variante do “nunca antes na história deste país” - “Provavelmente, não exista precedente na história do Estado Sul-Riograndense de ‘estrutura empresarial' com tamanho aspecto organizacional e gerencial voltados para a prática criminosa”.

Fico por aqui.

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