sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

pai e mãe

A gente vai ficando velha e se torna mais sensível. Sempre achei bom quando pai e mãe se iam pra praia e me deixavam dona do campinho. Ou quando eu pegava um avião e sumia no outro lado do mundo. Continuo achando; no entanto, hoje, cada vez mais, me pego com sentimentos outros. E me ponho a reparar em detalhes: na escada imensa que vai pro telhado e indica que o pai anda subindo até lá, na mãe com seus milhões de fuxicos e os dedos espetados de teimosia, nos dois reclamando um do outro, dia e noite, e caminhando de chapéu toda manhã, na união contra o cachorro que não para de latir, no hidratante com cheiro de vick vaporub, nas árvores enormes, nos temperos, nas flores e nos chás plantados um a um, nas colchas de palhacinho que perduram nas camas e nos móveis que mudaram de lugar. Penso em tudo e penso que às vezes devia estar lá. E, quando penso nisso, penso que eles pensam que estou triste, que não tenho aonde ir. E que se estou longe é porque estou bem. Que me querem independente, mas não tanto.

Eu os quero independentes, como pais. Mas os papéis já se misturam na minha mente. Só na mente. No lado de fora, no lado visível, seguem os mesmos. Por conforto, por hábito, por querer prolongar nossa estada aqui...
Porque assim há de ser. Enquanto for.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

volta à rotina

sombrinha1Foi um dia bom. Depois de uma semana de folga em Porto Alegre e o feriadão de carnaval em Rainha, voltei ao trabalho. Estava me sentindo meio que nem criança que conta os dias para começar as aulas e rever os coleguinhas. Talvez porque a folga coincidiu com a TPM. Ou porque, embora tivesse decidido não viajar para organizar a vida, temesse estar perdendo tempo por não executar o plano a contento. Outras pitadas de felicidade:

1- Encontrei os colegas de Oficina Literária hoje à tarde, e acertamos com o editor o andamento da nossa coletânea. Estamos a mil programando a edição e o lançamento, que deverá ser em abril. Em comemoração, publico um textinho na página “contos”.  [ Ontem comemos pizza, tomamos espumante e discutimos cada detalhe do livro na casa da Stela ]

2- A Lili, que limpou a minha casa um dia e depois caiu doente, sarou e virá aqui amanhã. Eu me recusava a fazer faxina e ia empurrando o problema com a barriga. Mas é preciso reconhecer o quanto a bagunça incomoda e tratar de se reorganizar permanentemente. Casa suja → preguiça de ajeitar as coisas →  irritação → cansaço.

3- Refiz as mechas, cortei as pontas e alisei os cabelos (só até a próxima lavagem).

4- Pra não molhar o cabelo, comprei uma sombrinha linda, cor mostarda.

[ Não sou exceção, mas vivo perdendo ou estragando sombrinhas. Uma vez perdi uma preta nas Lojas Americanas. Voltei lá, expliquei ao gerente, e ele me levou aos achados e perdidos, onde dezenas de sombrinhas pretas me esperavam. Olhei uma por uma, vi que nenhuma era a minha e saí de mãos abanando. Chegando em casa, o pai e a mãe me xingaram: ô filha burra...! ]

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

sombrero paraguaio

sombrero1Ao lado, o sombrero que comprei no Paraguai, em 1988, durante viagem inesquecível.

Hoje ele enfeita a parede lá de casa, na praia.

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O pai sempre teve vontade de tirar o sombrero da parede e usá-lo pra cortar grama. Por isso, este ano, quando apareceu um vendedor oferecendo a peça ao lado, a mãe só precisou dar um empurrãozinho :)

Não contem, que ele vai ficar furioso por ter sua foto na internet (foto, aliás, tirada sob livre e espontânea pressão).

rainha beach

Embora eu vá de carro, vale o registro

Sexta-feira, véspera de carnaval. Mal entro no carro, o Fabrício avisa: “Dizem que vai chover o feriadão todo”. Legal, quem sabe eu dou meia volta?

A sorte é que ele estava enganado. Sábado e domingo foram dois dias lindos. Segunda-feira fez pouco sol, mas fui pra praia do mesmo jeito. Corri, entrei no mar. À tarde, vieram o tédio e a TPM. Depois de beliscar queijos, bombons, polenta e banana, abrir e fechar livros e revistas, ir até a lan house, à farmácia e à lojinha de 1,99, senti que PRECISAVA de um chocolate. Fui ao mercado, olhei as marcas, não gostei de nenhuma, agarrei um pote de nutella. Comi com banana, que é fruta e não engorda. Depois li nas letrinhas miúdas o número de calorias: 105 por colher (20g).

Comecei o ano fazendo exercício: leg press, adutor, abdutor. Mas não tenho conseguido controlar a comida. O resultado são uns pernões de rainha da bateria que não entram nas calças. Dizem que quanto mais músculos, mais queima de calorias em repouso. Estou contando com isso...

Mas preciso desabafar: sempre soube que, após certa idade, teria de comer a metade do que comia. Só não pensei que isso chegasse tão cedo. A Cristina, que está magríssima, me informa a sua dieta: de manhã, nada; no almoço, salada e o que mais houver (com moderação);  na janta, uma fruta ou um iogurte. Não acreditei, e ela disse que é por isso que estou gorda (não com essas palavras, que ela é educada). Minha mãe, na praia, vai na mesma linha: um pedacinho de fruta de manhã, almoço moderado, uma torrada à noite. Será esse o caminho?!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

aula de yoga

Outro dia minha amiga Cristina veio me pedir opinião sobre que roupa usar num evento em que seria homenageada. “Tu acha que o vestido cinza que emprestei pra Fulaninha é muito chamativo? Ou visto aquele terninho preto que usei na formatura do Beltrano?” Fiquei em dúvida (sempre fico), pensei nas características de um e outro, pedi mais detalhes da solenidade e concluí que o terninho ficaria mais apropriado. Não que o vestido fosse chamativo, nada do que a minha amiga tem no seu guarda-roupa o é, mas, talvez, por ser mais curto e num tecido não tão nobre, pudesse perder meio ponto em relação ao terno.

A questão é: admiro e invejo essa minha amiga nesse quesito. Ela simplesmente não quer chamar a atenção, é uma preocupação real e constante. Por mais que se esforce, no entanto, o efeito é sempre o contrário. Volta e meia aparece um maluco (ou nem tanto) na sua cola.

Não é só ela. Tenho outra amiga igualzinha, a Vanessa. Fala baixinho (embora diga muito palavrão), fica na sua e vai fazendo o que tem de ser feito. Paga pra não ser incomodada. E, quando pensa que escapou incógnita, todos já notaram.

O que ambas têm em comum é uma mania de fazer tudo bem feito. É saber até onde podem ir e até onde os outros podem ir com elas. Quando são chamadas ao serviço - ou mesmo quando não o são, mas sentem que devem - elas baixam a cabeça, se jogam na tarefa e mostram a que vieram.

É por isso que, na aula de yoga ontem, enquanto eu me desequilibrava toda ao ouvir o professor dizer que era preciso equilíbrio emocional, a Cristina permanecia ali, impassível, por mais de um minuto com a perna erguida na altura do peito.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

dia desses...

Toca o telefone. Atendo.


- Se você é Amarildo Pereira Bueno, digite 1. Se não é, mas conhece esta pessoa, digite 2.


Era o que me faltava...
A voz repete:


- Se você é Amarildo Pereira Bueno, digite 1. Se não é, mas conhece esta pessoa, digite 2.


Ai meu deus do céu... Sou? Não sou?


- Se você é...


Será alguma promoção? Ou um novo expediente do Serasa?


- Amarildo Pereira Bueno...


Mordo a língua de curiosa, mas desligo.


Alguém conhece o Amarildo?!

considerações

Veja só, do primeiro post ao segundo foram cinco dias, não é esse o ritmo que pretendo me impor. Passei esse tempo tentando dominar a ferramenta blog, deixar uma página estática, colocar widgets, links e outros termos incompreensíveis há dez anos (vá lá, vinte!). Mexi daqui, mexi dali, tentando deixar tudo separadinho e agradável ao olhar, mas perdi a batalha. Decidi usar o blog do jeito que me l’oferecem.


Digo isso, mas não me lamento. São boas essas batalhas que travamos com nós mesmos. Cansam um pouco, às vezes, nos deixam irritadiços e ansiosos, mas nada que não se supere com paciência e meditação. Piores – ou mais complicadas – são aquelas em que há outros adversários. Às vezes, custamos a identificá-los, outras vezes vamos buscá-los (procurando sarna pra nos coçar) e outras tantas os criamos – e acho que esses são a maioria, pois, mesmo que venham de fora, somos nós que os alimentamos e definimos o seu tamanho.


Seja como for, em batalhas contra nós mesmos ou contra terceiros, é preciso saber recuar. Ficar quietinho no canto, que nem caracol, e aí preparar o bote, que nem leão...


Pois é, uma mera dificuldade nos templates e cá estou eu a divagar sobre guerras, batalhas e inimigos. Ando num humor meio estranho.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

primeiro post

Fiquei com vontade de ter um blog. Já era hora. Ou, talvez, tenha passado da hora. Este é um dos motivos da lesminha aí de cima, estou sempre atrasada, tantas são as curvas por que passam as ideias dentro do cérebro até saírem pelos caracóis dos meus cabelos. Outra razão para a lesminha é a possibilidade que ela tem de se enfiar na carapaça quando o ambiente se torna inóspito. Nada mais acolhedor do que a armadura construída pelo próprio dono.

Por fim:
Na Itália, caracol se diz chiocciola, o mesmo que arroba, símbolo do internetês.
E, na França, é iguaria fina (que nem eu!).