sábado, 28 de agosto de 2010

vigilantes da autoestima

Descobri um blog outro dia que me motivou a escrever de novo. Na verdade, me motivou a escrever para mim mesma – em off. E aí – do off pro on – foi um passo. Escrever para nós mesmos nos permite ser mais honestos, mas também perdemos em alguns aspectos. A possibilidade de alguém ler o que escrevemos nos faz ordenar um pouco melhor os pensamentos. E uma mente ordenada é sempre mais útil. 

Uma vez resolvi dar vazão ao impublicável. Achei que seria terapêutico colocar no papel os pensamentos do jeito que vinham, sem filtro. E o que veio foram choramingos – como se o desabafo por si só pudesse ser mais fiel aos meus sentimentos do que os meus escritos e a minha mente claros. Na época, concluí que a busca por esta fidelidade a mim mesma superava o risco de ter meus escritos lidos por alguém. Ou melhor, achava que o risco era zero. Que a minha mãe, a única que poderia se interessar por eles, jamais mexeria nas minhas coisas, como ela sempre me garantiu. Mais tarde, um namorado ciumento – cujas exigências valiam só para mim e não para ele – e, mais recentemente, uma colega, que é mãe e me diz que remexe em tudo, apesar de jurar de pé junto pro filho que não faz nada disso (“quando tu for mãe, tu vai entender!”) – me fizeram perder essa ilusão. Antes de uma viagem, peguei os meus escritos e fiz uma linda fogueira no chão da cozinha, temendo que se o avião caísse alguém os encontrasse (vá entender esses medos póstumos!). Junto, foi-se um poema da oitava série (o “preso se vive, se vive preso”, ai).

Voltando ao blog: é o Vigilantes da Autoestima. A autora vai contando dia a dia como anda a sua autoestima, o que tem feito de bom para si e onde tem tropeçado. De acordo com o sentimento predominante ao longo do dia, ela escolhe uma casinha – de palha, de madeira ou de tijolo. Uma casinha de palha representa uma autoestima fraca, que qualquer brisa derruba; uma casinha de madeira balança, mas não cai tão fácil; e a casinha de tijolo significa uma autoestima sólida, que não cai ao sabor do vento.

Além de escolher o material da casa, ela aponta ações específicas em “o que fiz de bom por mim” e “o lobo mau interno que me detonou”. Tudo muito didático.  Fiquei com vontade de me vigiar também. Quando fiz terapia, entendia esse tipo de “vigilância” mais como crítica e cobrança do que como autoconhecimento. Um terror.

Acho que a minha casinha de hoje é madeira (e que na maioria dos dias será assim – palha, só num dia de catástrofe, e tijolo, só no dia do meu casamento ahaha!). O que fiz de bom por mim foi sentar para escrever, embora tenha me amarrado para começar. Me boicotei um pouco comendo mais do que devia (novidade!).

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