domingo, 1 de março de 2009

olhares

Eram umas duas e pouco, ontem, quando a Vanessa me mandou uma mensagem dizendo que passaria na minha casa dali a meia hora. Ela comprou um carro novo e tínhamos combinado de circular pela cidade para ela treinar a direção.

A Vanessa já tem carteira há algum tempo, mas não aprendeu a dirigir direito. Precisava de prática e de uma boa alma, tranquila e serena, que assumisse a co-pilotagem.

Convidamos a Noemia a se integrar à aventura e lá fomos nós pelas ruas de Porto Alegre. Atentas a cada bueiro, a cada meio fio perigosamente próximo, a cada pedestre desavisado. E aos ônibus, onipresentes.

Às vezes, Noemia e eu esquecíamos o que estava acontecendo, falávamos de outros assuntos, e a pilota quase nos engolia. Não podíamos distraí-la. Qualquer passo em falso representava riscos, de modo que entramos de vez no seu estado de tensão.

Chegamos a parar para tomar sorvete e, após conversa amena – para mim e para a Noemia, porque a Vanessa ainda suava –, retomamos a empreitada. Ela agora precisava nos devolver às nossas residências.

Entregue, peguei meu próprio carro e fiz o trajeto até a casa da Vanessa, para que ela tivesse a quem seguir e não entrasse em curto circuito. Ao final da tarde, estávamos exaustas. A Vanessa não quis sair. Eu fui encontrar uma colega, a Mariza, no Dometila.

beleza-americana1O Dometila é um café lindinho e charmoso onde nos agridem com flores [ sim, a primeira vez que fui lá, o dono me deu um susto ao jogar pétalas de rosa no meu rosto; na segunda vez, eu ainda estava na calçada relatando esse episódio – “é muito lindo este lugar, mas...” – quando ele apareceu e nos bombardeou com rosas, deixando minhas palavras pairando no ar ]. Desta vez, ele estava viajando, e sentimos falta da sua delicadeza peculiar :)

Pedimos uma torta de chester, aspargos e tomates secos, muito chiques; a Mariza tomou espumante, eu, chá de hortelã; falamos sobre livros, viagens, affairs.

A Mariza é minha colega de Oficina Literária. Jornalista e advogada, membro do Ministério Público, ela é paulista, mora em São Paulo e, durante todo o ano passado, pegou um avião uma vez por semana para cursar a Oficina. Alugou apartamento e tudo. Até ontem, eu não sabia direito se ela era paulista, gaúcha, se morava lá ou aqui. Agora, entre outras coisas, sei que tem um filho (a quem prometeu me apresentar) e que exerceu toda a sua diplomacia com os vizinhos durante a estada na capital gaúcha (o que ainda vai gerar um conto :)

***



Mais tarde, no recolhimento do lar, me dei conta da profusão de olhares assumidos num único dia: o olhar iniciante, o olhar estrangeiro, o olhar particular e instransferível, além do olhar cúmplice da amiga de longa data, que estimula a memória, ameniza os dramas e torna tudo mais divertido.

10 comentários:

  1. Hehehe, Mari. Nossa, tem até foto. Para aqueles que se perguntam o que eu fazia dirigindo atrás de um caminhão com uma vaca na caçamba em plena Capital dos gaúchos, eu explico. A imagem é da Costa Rica, onde tive a oportunidade (curta, graças a Deus e para a segurança de todos, inclusive da vaca) de demonstrar todo o meu talento com os automóveis...
    O medo, o pânico, o pavor e a total falta de rumo continuam. Hj fui dar um voo solo pela rua e ao sair da garagem, o tio guardinha disse que a luz esquerdado freio está queimada. Só pode ser intriga dele. Acabou de sair da revisão na concessionária... Amanhã vou lá bem cedinho pedir pra ele pisar no freio pra mim, pq eu quero ver com os meus próprios olhos! Não pode ser!
    Se for, onde tem uma Dpaschoal que eu consega chegar sem ferimentos? Ai se o googlemaps cobrasse...
    bj Mari!!!

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  2. Viu só? A foto de uma motorista com experiência internacional.

    Nem diz nada do google, vá que eles se liguem...!

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  3. Marinella querida,

    E agora? Você me colocou no Blog e queimou meu filme (risos...)
    Vou tomar cuidado quando te contar as coisas... ou vou
    dizer que você, como boa escritora, inventou tudo!

    Nosso encontro foi uma delícia, só não sabia que eu
    ia virar personagem.

    beijo
    MariZa

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  4. Eu invento mesmo. Mas também tem muita verdade no meio :)

    Continue me contando as coisas, please, prometo medir as palavras!

    E vamos marcar novos eventos.
    Bjos!

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  5. E desde quando dizer que tomamos espumante num lugar lindo é queimar o filme? Ah, foi a parte da vizinha? Bem, isso eu inventei mesmo!! ehehe

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  6. Pronto, constrangimentos amenizados, acredito eu.

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  7. Agora nem vou poder te contar que acabo de tomar um banho de lua, na minha piscina (você vai querer botar
    no blog, né?). E ainda nem contei sob os olhares de quem. Quem mesmo? Ah! isto não vou contar!!! Mas posso afirmar que as estrelas, no céu de Sampa desta quinta-sexta feira - sem nenhuma nuvem, me olharam. Foi o único jeito de matar o calor de Senegal que está nos assolando.

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  8. Que beleza! Nada como um banho de piscina à noite :)

    Aqui em Poa até que está bem fresquinho!

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  9. Gurias,
    Adorei a foto!Achei que havia sido clicada lá perto da minha casa. Mas é muito mais chique, já que foi feita na Costa Rica.... pois é.
    Adorei os relatos. Parabéns pelo blog.
    Já está nos meus favoritos. beijos

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  10. Obrigada pela participação, Vanessa! E me manda uma fotinho bem linda pra eu te pôr na galeria.

    Senão escolho eu :)

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