terça-feira, 31 de março de 2009

sobre a vírgula

Não gosto da ideia do blog como um repositório de artigos alheios, mas às vezes dá vontade de publicar uma ou outra coisinha... Abaixo  a campanha dos 100 anos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), enviada pela Mariza:





Vírgula pode ser uma pausa. Ou não: Não, espere. / Não espere.

Ela pode sumir com seu dinheiro: 23,4. / 2,34.

Pode ser autoritária: Aceito, obrigado. / Aceito obrigado.

Pode criar heróis: Isso só, ele resolve. / Isso só ele resolve.

E vilões: Esse, juiz, é corrupto. / Esse juiz é corrupto.

Ela pode ser a solução: Vamos perder, nada foi resolvido. / Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião: Não queremos saber. / Não, queremos saber.

Uma vírgula muda tudo.

ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação.

Detalhes Adicionais:

SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.

Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER.
Se você for homem, colocou a vírgula depois de TEM.

***


Eu tinha tanta coisa pra escrever, mas precisaria me concentrar. Agora não dá, de novo. Vou anotar aqui pra depois retomar: critérios de noticiabilidade, pombo morto a tiros, atropelamento, blog do Tas.

segunda-feira, 30 de março de 2009

pensamentos incompletos

1- Hoje a aula de ioga estava abarrotada. Não gostei. Se continuar assim, vou ter que reconsiderar.

2- Queria escrever sobre um comentário que li no blog do Marcelo Tas: admirar ideias x admirar pessoas. Gostei do tema. Mas fica pra outro dia. Preciso dormir.

3- Fui com a Dani e a Vanessa L. a um centro espírita.

domingo, 29 de março de 2009

guatemala

[caption id="attachment_728" align="alignleft" width="210" caption="Foto tirada pela Vanessa. A menina pedia quetzales em troca do clique."]Foto tirada pela Vanessa. A menina pedia quetzales em troca do clique.[/caption]

Em fevereiro de 2008, a Noemia, a Vanessa e eu viajamos ao Panamá, à Costa Rica e à Guatemala. Adoramos o Panamá e a Costa Rica, mas o que mais nos impressionou foi a beleza e o colorido da Guatemala. Na época, escrevemos um texto para publicar em alguma revista, mas até hoje não o fizemos, por isso o publico aqui.

Em contos → relatos de viagem Guatemala.

sábado, 28 de março de 2009

viva o centro a pé II

[caption id="attachment_673" align="alignleft" width="158" caption="Cuidado com os urinóis!"]Cuidado com os urinóis[/caption]

Fizemos um lindo passeio por Porto Alegre, hoje, sob a orientação de um arquiteto, funcionário da prefeitura. Eu e a Vanessa (que está aí pro que der e vier) nos integramos a centenas de milhares de pessoas (é exagero, mas tinha muuuita gente) na esquina das ruas Coronel Genuíno e Marechal Floriano, seguindo pela Borges de Medeiros até o Largo Glênio Peres e o Paço Municipal.

Foi uma aula sobre alguns dos principais prédios e monumentos do centro. O viaduto Otávio Rocha, por exemplo, que liga a Cidade Alta à Cidade Baixa, foi inaugurado em 1932, com estrutura de concreto armado e revestimento de cirex, uma massa raspada com mica que imita pedra. Conforme o guia, o “equipamento” passou por uma restauração não muito tempo atrás, mas, logo depois, num único dia, foi todo pichado.

Ele apontou um prédio muito bonito logo adiante que também foi restaurado, mas pintado com uma tinta especial à prova de pichações (basta lavar).

Na esquina da Borges de Medeiros com a Rua da Praia, observamos o primeiro arranha-céu da cidade. Uma das inovações do prédio foi permitir que as pessoas passassem por baixo dele na calçada. Isso evitava que fossem atingidas pelo conteúdo dos urinóis que se costumava lançar das janelas.

Hoje, porém, quem passa ali por baixo é atingido por pingos que escorrem do teto mofado, e eu, no viaduto da Borges, levei um toco de cigarro no olho (insuficiente para tirar o brilho do passeio - só porque estava apagado, é claro!).

Conhecemos ainda um pouco da história do prédio da Livraria do Globo, da Galeria Chaves, do Chalé da Praça XV, do Mercado Público e da Prefeitura. Nesta, fomos recebidos pelo vice-prefeito, recentemente entrevistado pela Vanessa para a série “Constituintes”, mas dispensamos o discurso e fomos almoçar no Dado Pub da Padre Chagas (depois de comprar queijo e damascos no Mercado Público).

Pena que a Márcia e o Marcelo não puderam ir.

***



Esse olhar sobre os prédios históricos em contraste com o tanto de lixo arquitetônico a cercá-los me fez pensar no tema deste blog, esse bichinho lento e simpático. Como é bom ter havido pessoas que levaram adiante obras grandiosas e bem pensadas que embelezam a cidade até hoje. E que pena ter havido muito mais gente imediatista, indiferente às gerações futuras e à harmonia espacial, dada a quantidade de garagens horrendas e prédios-caixa no centro da cidade.

Desacelerar é preciso!

hora do planeta

[caption id="attachment_650" align="alignleft" width="250" caption="WWF: You can help, stop global warming"]you can help[/caption]

Pela primeira vez, o Brasil participa da Hora do Planeta, um ato simbólico, promovido pela WWF, no qual todos somos convidados a apagar as luzes durante uma hora para demonstrar preocupação com o aquecimento global. A campanha foi lançada em 2007 em Sidney, na Austrália. No ano passado, envolveu 371 cidades de 35 países. Neste ano, foram 2.848 cidades de 83 países.

Já ficaram às escuras hoje alguns dos principais cartões-postais do mundo, como o Coliseu, em Roma, e a ponte Golden Gate, em São Francisco. Em Porto Alegre, em poucos minutos, serão apagadas as luzes da estátua do Laçador e da Usina do Gasômetro.

Quem quiser participar deve apagar as luzes de casa (computadores também?). Neste sábado, das 20h30 às 21h30.

***




[caption id="attachment_656" align="alignleft" width="250" caption="Parece o queijo gouda que deixamos hoje no carro, hein, Vanessa..."]Parece o queijo que deixamos hoje no carro, hein, Vanessa...[/caption]

Há uma infinidade de artigos na internet questionando a existência de uma relação entre o aquecimento global e as atividades humanas e até mesmo do aquecimento global em si. Quem tem razão? Não sei. Mas uma coisa me parece evidente: ainda que não na forma e/ou nas proporções apregoadas, a atividade humana interfere sim na saúde do planeta.

Alguns contestadores (buscados no google):



Andrew Marshall: Recentemente foi apresentado no Canal 4 do Reino Unido o documentário The Great Global Warming Swindle (A grande burla do aquecimento global) que afrontou o discurso político oficial de que o "aquecimento global" e as "alterações climáticas" são causados pelas atividades humanas.

O documentário, com o testemunho de muitos cientistas e especialistas do clima (...), apresenta como causa principal das alterações climáticas as variações da atividade solar. É, apesar de tudo, uma teoria [que se contrapõe a outra, mas que não esgota o assunto]. Assim que se começou a dizer, estranhamente, que o "debate está concluído", porque em ciência o debate nunca está concluído, começaram a aparecer perguntas, que deviam ser respondidas, e a surgir novos temas que conduzem a avanços da ciência [climática].

Marcel Leroux: O aquecimento global é uma hipótese fornecida por modelos teóricos. Baseia-se em relações simplistas que anunciam um aumento da temperatura, proclamado mas não demonstrado. São numerosas as contradições entre as previsões e os fatos climáticos observados diretamente. A ignorância destas distorções flagrantes constitui uma impostura científica.

quinta-feira, 26 de março de 2009

agenda de sexta

Amanhã (27) o dia será longo. Audiência com a ministra Dilma e cobertura digna de futura presidente do Brasil (isso foi o que nos passaram na pauta). Melhor ir dormir.



Curso sobre reforma ortográfica cancelado.



À noite, cumprimentos ao Leo (substantivo próprio), que convida para a sua festa de formatura (muito engraçado esse Leo!):

Queridos amigos,
contrariando todas as probabilidades, surpreendentemente, no final do ano passado, concluí minha licenciatura em Letras, iniciada no distante ano de 2001.Como todos sabem, tenho ojeriza a cerimônias formais de todo tipo, portanto não tomei parte da formatura na qual colaria grau, ocorrida no último dia 15, na reitoria da UFRGS.


Entretanto, serei obrigado a participar da cerimônia de gabinete, na qual faço o juramento e sou oficialmente declarado licenciado em Letras, na presença do diretor da faculdade e de testemunhas. Esse espetáculo bizarro ocorrerá na próxima quinta-feira à tarde. Com o intuito de celebrar o término de tão importante etapa de minha vida, resolvi convidá-los para fazer um brinde comigo, não na quinta, mas na sexta, a fim de poder pôr o pé na jaca.

Parabéns, Leo!! :)

E parabéns também à Mariza, colega de oficina, que aniversaria hoje!!

quarta-feira, 25 de março de 2009

se eu fosse bruxa

[caption id="attachment_617" align="alignleft" width="160" caption="Andaria de preto dos pés ao chapéu. E lançaria do céu..."][/caption]

Por e-mail, entre colegas de Oficina Literária, prossegue uma longa e exaustiva discussão sobre a publicação conjunta que estamos preparando. O lance mais recente envolveu a mim e à Ana S. quando aceitamos a tarefa, que seria do editor, de revisar o texto (enquanto o Roger apontará problemas de diagramação).

A Stela ficou feliz com o nosso gesto e disse que somos uns amores, o que me dá o gancho para publicar o meu único poema: aqui.

Não é pra me fazer de vítima, é só pra ter um gancho mesmo :)

terça-feira, 24 de março de 2009

à toa

Só me dei conta ao ir dormir, ontem à noite: não é à toa que a gente escreve o que escreve. E, se me pus a pensar em mentira, sono, insônia e felicidade, alguma razão havia. Juntei os pauzinhos e compreendi: ando mentindo a mim mesma e o meu sono já não é mais o mesmo. Bem tenho vontade de pegar o TRAVESSEIRO e ir lá no laboratório do sono pra ver como me saio.

segunda-feira, 23 de março de 2009

feliz, muito feliz, pouco feliz

A Dani Aspis veio comentar meu último post: "Pra que contar toda a tua vida, mulher? Mente um pouco, conta só o lado bom". Bem, pra começar, o blog está longe de ser toda a minha vida. Não chego a mentir, mas conto o que quero, a meu modo. Com as lentes mais cor-de-rosa ou mais escuras, dependendo do estado de espírito. Mesmo um blog precisa desses altos e baixos.

Imagine a Dani com insônia na sexta-feira à noite entrando na internet pra se distrair e lendo sobre a minha decisão repentina de passar o fim de semana em Paris... Isso depois de saber do meu encontro casual com o Mark Ruffalo e do bilhete premiado que encontrei no chão. Aposto que ela torceria o nariz e não voltaria àqui (sempre quis botar uma crase assim – tá errado, não repita em casa).

O fato é que quando estou verdadeiramente de mal com o mundo não tenho vontade de escrever. Fico ali remoendo alguma frustração, gritando por dentro e dizendo a mim mesma que vai passar.

Quando estou levemente de mal com o mundo, um pouquinho entediada, tenho vontade de escrever e transformar uma realidade mediana em algo mais divertido. Ou penso em algo estapafúrdio, como ontem à noite, quando saí de casa pra comprar um abacate e depois o passei no cabelo (meio abacate, uma clara de ovo e algum óleo de cozinha, tudo misturado no liquidificador, caso alguém queira repetir em casa).

Desse estágio mediano, consigo, às vezes, passar ao seguinte, o feliz. Esse é o melhor de todos, pois pressupõe a satisfação pelo já conquistado e a confiança no que está por vir, um bem-estar ameno.

Já o muito feliz é mais complicado. Enquanto me ocupo com isso, é preciso administrar a ansiedade. Sim, porque o muito feliz pressupõe ansiedade. Geralmente envolve alguém que não me quer, mas veio a me querer, ainda que momentaneamente.

Tudo é momentâneo, não é?

Mas então... pra que escrever isso num blog? Talvez por uma necessidade de dividir o que penso, de forma ordenada, sem a consciência ou a responsabilidade de estar falando diretamente a alguém. Quem está do outro lado não tem obrigação alguma de ouvir, se está aqui é porque quer...

E fico feliz que esteja!

***



Insônia. O Fantástico mostrou uma matéria ontem sobre o assunto. Pessoas que só pegam no sono às seis da manhã. Felizmente, não sofro desse mal. Adoro dormir e me entrego totalmente a esse prazer, embora meu sono já tenha sido melhor.

Tempos atrás meu irmão teve curiosidade de saber como estava nesse departamento. Pegou o seu pijama e o seu travesseiro e foi passar a noite num laboratório do sono, todo monitorado. Descobriu que acordava milhares de vezes e precisava perder peso, mas acho que não fez nada a respeito.

Vou pedir o endereço pra ele, se alguém tiver interesse...

***



Hoje a Sílvia está de aniversário. Parabéns, Sílvia! Que todas as tuas mentalizações se concretizem - como naquele dia do bife! :)

[ Eu sempre ouço de manhã cedo, em 23 de março, os cumprimentos à Ana Amélia Lemos, tua "co-alguma-coisa" (como se chama quem nasceu no dia do nosso aniversário?). Também aniversaria(va)m o Moacyr Scliar, o Akira Kurosawa e a Joan Crawford. E – vê que coincidência – fiquei falando de insônia e descobri que hoje é o Dia Mundial do Sono ]

De presente te mando o link dos eventos históricos e dos nascimentos de hoje.

sexta-feira, 20 de março de 2009

retomando...

Hoje é sexta-feira. A Vanessa me perguntou de tarde se eu queria sair e eu disse que não, preferia amanhã. Mas, como ela queria muito sair hoje, eu disse que sim. Agora há pouco, com muita preguiça, tomei banho, botei uma roupa preta com brilhos e mandei um sms a ela perguntando se estava confirmada a saída. Ela respondeu “sem chance” e eu pensei “que bom”.

Vim pra internet. Vestida de preto, com brilhos, e o Globo Repórter ao fundo. “Estamos gastando bem o nosso dinheiro?” Não sei. Prefiro quando falam de pesquisas em saúde, do poder dos alimentos, coisa e tal. Mas deixei a voz do Sérgio Chapelin baixinho.


Falando em pesquisas de saúde, cobri uma audiência pública nesta manhã sobre células-tronco. Uma das palestrantes disse que há muitos avanços na área, mas que não há milagres. E deu um site que revela todos os testes clínicos em andamento com seres humanos: clinicaltrial.gov.


Também disse que não há nenhuma terapia celular consolidada, fora os transplantes de medula óssea. Isto é, há vários estudos com seres humanos (nenhum envolvendo células embrionárias), mas os médicos ainda não podem sair receitando tratamentos com células-tronco a seus pacientes.


Segundo ela, não se sabe exatamente que células estão exercendo determinado efeito, mas isso não chega a ser um problema: “Por muito tempo se tomou aspirina sem se saber direito como ela agia”.




[caption id="attachment_569" align="alignleft" width="310" caption="A medicina que faz milagres: tratamentos com células-tronco no Brasil (23/11/2005) / Estes bebês são pioneiros de uma revolução* (24/03/2004)"][/caption]

Por fim, a palestrante disse que não é pra acreditar em tudo o que a mídia diz. E mostrou duas capas da revista Veja que, segundo ela, apresentam o assunto de forma sensacionalista.


Embora, no interior da revista, a matéria esteja correta e esclareça a real situação das pesquisas, a maioria das pessoas não chega à terceira página, disse a cientista.


*Em vez de falar em revolução, ela prefere o termo promessa. Mas foi uma das palestrantes, e não a mídia, quem associou as terapias com células-tronco àquilo que representaram os antibióticos em outros tempos.


***


Ontem, quinta-feira (19), viajei a Não-Me-Toque para acompanhar audiência pública sobre os impactos da crise mundial no Estado. Os participantes redigiram um documento com sugestões que foram entregues ao ministro da Agricultura.


Sempre me divirto nessas viagens. Mesmo tendo ficado numa espelunca e congelado por dez horas na ida e na volta (cheguei a comprar um par de meias no caminho pra esquentar os pés), os colegas, as piadas e o ‘conhecer lugares novos’ compensam.


***



Assim que cheguei a Porto Alegre, fui ao Bourbon Country com a Elenise para assistir a uma peça do Paulo Goulart e da Nicete Bruno: O Homem Inesperado (cortesia da Noemia, pra variar :). Muito legal.

Me lembrou um pouco o relato do professor Assis Brasil sobre o livro A Fera na Selva, de Henry James (digo o relato e não o livro porque não o li). Mas às avessas, já que os personagens da peça no fim “se entregam”.

Acho que não está mais em cartaz.

terça-feira, 17 de março de 2009

reforma ortográfica

Li em algum lugar que a Academia Brasileira de Letras (ABL) havia finalmente lançado a nova edição do Volp. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. E que estaria à venda. Devo ter lido errado, porque agora fiz uma busca e descobri que ele será lançado na quinta-feira (19). Para quem não sabe, o Volp é uma lista de palavras da língua portuguesa, elaborada pela ABL, que indica a nós, povo, como escrevê-las de acordo com a língua padrão.

Amanhã (18), às 17h, o presidente da ABL, Cícero Sandroni entregará aos ministros Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência), Fernando Haddad (Educação) e Juca Ferreira (Cultura) o primeiro exemplar da 5ª edição da obra, destinado ao presidente Lula. O volume apresenta 349.737 vocábulos em 887 páginas.

Eu gostaria de saber sobre a edição na internet. Vamos ter que comprar o Volp? Ele sempre esteve online na página da ABL. Quando voltarão a publicá-lo lá?

***



Nos dias 27 e 30 de março, teremos, na Assembleia, um curso sobre a reforma ortográfica. Apesar de já vir adotando as novas regras e acreditar que as dúvidas possam ser resolvidas pelo Volp, gosto muito de ter aulas. Nunca fui daqueles alunos que parecem ter pulga na bunda e não conseguem ficar parados :)

ser ou não ser, eis a questão II

Essa história de blog não é fácil. A gente inventa moda e não quer se render, fica achando que tem que postar algo todo dia e, quando vê, está meio viciado, trocando a academia pra ficar arrumando uma palavrinha aqui, um fotinho ali (enquanto come seis barrinhas de cereal sem perceber). Pra alguém meio obsessivo-compulsivo isso não faz bem.


Além de descartar a academia, faço de conta que nem sei da reunião de condomínio hoje, desprezando o sinal do destino que me colocou no elevador com o síndico nesta manhã.


Eu estive pensando sobre o meu jeito de ser. Penso muito em duas coisas: no que tenho por prioridade, isto é, no tempo que dispenso a uma atividade ou outra, e no desejo de cada vez mais dizer o que penso. Na verdade, mais do que pensar nisso, penso que devo pensar nisso. Por prioridades, entendo escolhas. Eu as estou sempre questionando: se pensei x agora, no minuto seguinte já não sei se é isso mesmo.


Normal, até certo ponto. Sempre desconfio de quem está no extremo oposto e defende suas convicções com unhas e dentes.


Mas o receio de dizer o que penso, às vezes, vem daí. Nesse sentido, o blog é um bom exercício. Acho que tenho mudado um pouco e conseguido me expressar cada vez mais no momento certo e sustentado por mais tempo o mesmo pensamento. Tento enumerar os motivos pelos quais emiti tal opinião e aceitar que aquela era a decisão certa ou possível naquele momento.


Enfim, a gente se liberta um pouquinho com o tempo.


Mas não sei...


Ainda dá tempo de ir pra academia...


E o que será que os vizinhos estão aprontando neste momento?


***


Notícias do front - Amanhã (18) e depois de amanhã (19), as comissões de Agricultura, Economia e Finanças da Assembleia realizam audiência pública em Não-Me-Toque, na Expodireto Cotrijal. Mandarei notícias (literalmente).


Para quem fica por aqui, tem show gratuito de soul music com Andréa Cavalheiro amanhã, às 18h30, no Solar dos Câmara (Duque de Caxias, 968), ao lado do prédio da AL (ehehe estou me achando “a” colunista cultural!).

segunda-feira, 16 de março de 2009

fora do ar

Fiquei um tempinho sem site hoje por falta de pagamento. Bem na hora em que eu disse pra Márcia ir olhar o post dos cemitérios. É que o boleto do Registro.br dizia para pagar até junho. Mas não era bem assim. Até junho era para não perder o domínio. Agora a situação está resolvida. Acabo de pagar pelo homeBanking, após solicitar novo boleto. Toda a operação levou 24 minutos (descontado o tempo em que fiquei ligando pro meu irmão e pra minha irmã pra saber o que estava acontecendo).

viva o centro a pé

[caption id="attachment_511" align="alignleft" width="210" caption="Foto tirada pela colega Stela Rates no cemitério da Santa Casa"][/caption]

No dia 28 de março (sábado), a prefeitura de Porto Alegre promove mais uma caminhada orientada pelo centro histórico da cidade. O grupo se encontra às 10h, no totem do Caminho dos Antiquários, na junção das ruas Coronel Genuíno e Marechal Floriano, e segue pela Borges de Medeiros até o Largo Glênio Peres e o Paço Municipal.

No ano passado, eu, a Márcia, o Marcelo e a Vanessa visitamos os cemitérios Evangélico e da Santa Casa de Misericórdia, que integram o Caminho dos Cemitérios. O da Santa Casa foi o primeiro cemitério público "extra-muros" de Porto Alegre, instalado em 1850, e ainda hoje o maior da cidade. Alguns amigos tiraram fotos lindíssimas no local. As da Stela (vide imagem acima) estão em www.projetocontato.com.br.

Colegas de Oficina, vocês sabiam que houve também uma caminhada literária, orientada pelo Fischer?

Inscrições pelos fones (51) 3289.3738 e 8114.5504 ou pelo e-mail vivaocentroape@gmail.com. Mais informações no site: www.portoalegre.rs.gov.br/vivaocentro.

domingo, 15 de março de 2009

festival de verão II

[caption id="attachment_495" align="alignleft" width="188" caption="Procurando no Google uma imagem para ilustrar a frase em latim, apareceu essa aí!"]Procurando no Google uma imagem para ilustrar a citação latina, apareceu essa aí![/caption]

A propósito, saí de casa hoje pensando em ver dois filmes seguidos no Festival de Verão, que se realiza em Porto Alegre de 12 a 19 de março: Toni Maneiro, que a Patrícia tinha programado, e, talvez, Dúvida. Convidei o Felipe pra me acompanhar e ele me enrolou direitinho. Ficamos tomando café, olhando os livros na Cultura e acabamos perdendo a hora. O Felipe comprou um livro de citações gregas e latinas (sim...). E eu, diante da sua aquisição, prefiro me calar quanto à minha.

Pra não ficar no prejuízo, aprendi uma frase latina: Barba non facit philosophum.

o tigre branco



Em tempos de Caminho das Índias, li um livro chamado O Tigre Branco, do indiano Aravind Adiga, vencedor do Man Booker Prize de 2008. A história é muito curiosa, e o estilo, personalíssimo.

O protagonista é um empresário indiano de sucesso que, ao saber que o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, está com viagem marcada para o seu país, resolve escrever-lhe cartas contando a sua trajetória.

Nelas, ele relata como se tornou um verdadeiro “tigre branco”, revertendo o único destino que lhe era possível, ao realizar o que considera o seu grande “gesto de empreendedorismo”: assassinar o patrão.

A desigualdade social, o sistema de castas, a religiosidade, tudo compõe uma realidade bastante familiar a qualquer brasileiro. Mas a ironia inteligente do autor impede que torçamos o nariz para esse cenário tão conhecido (e pouco confortável).

O primeiro capítulo do livro está na internet: www.otigrebranco.com.br.

***



No dia 16 de janeiro, prometi a mim mesma que assistiria ao último capítulo de A Favorita e, então, deixaria de ver novela. Queria ocupar o tempo com coisas mais úteis (tipo este blog – ahaha). Tenho esses rompantes de vez em quando. Desse modo, não sei como é a Índia de Gloria Perez :)

sábado, 14 de março de 2009

festival de verão

Porto Alegre está promovendo, de 12 a 19 de março, um festival de cinema com filmes de vários países. A Patrícia me ligou anteontem para combinarmos algo e fiquei interessada, mas hoje já não a encontrei mais. Nem precisa me dizer o que aconteceu. Ela deve estar enfurnada no cinema, feliz, assistindo a um filme atrás do outro!

Mais informações em: www.festivalverao.com.br.

cores

Depois do colorstrology, quero voltar a falar de cores. Passei a tarde hoje brincando com elas. Tentei fazer um logo mais colorido, mas não consegui publicá-lo. Mais tarde, eu descubro como fazer isso.

[ Na comida ]

[caption id="attachment_453" align="alignleft" width="210" caption="Almoço na Guatemala"]Almoço na Guatemala[/caption]

Não é nenhuma novidade o poder das cores, mas não custa reforçar o tema. Nada como um prato bem colorido, com muito vermelho-tomate, beterraba, vários tons de verde, do alface ao brócolis, grãos terrosos, suco de laranja, suco de uva. Já dá vontade de comer só de pensar no bem que isso faz. Pena que nem sempre se tem paciência para preparar um prato lindo, e a farinha e o açúcar acabem tomando lugar.

[ Na decoração ]

Quando me mudei pro meu primeiro apartamento, decidi que teria uma parede bem colorida, cheia de vermelho e amarelo queimado, muitas coisas penduradas, e um lado da sala clarinho, neutro, pra descansar a vista. Mais ou menos cumpri esse intento, mas as cores foram cada vez mais invadindo o espaço. Agora, na casa nova, repeti a estrutura neutra (piso, paredes, azulejos claros) e a venho mantendo assim. Está uma casa adulta, muito clean. Só não sei até quando. Uma hora dessas, começo a desencaixotar tudo e alegrar as paredes.

[ No amor ]

Ontem, eu li no Uol que os homens se sentem mais atraídos por mulheres vestidas de vermelho - embora as mulheres não se sintam especialmente atraídas por homens em trajes desta cor (as mulheres sempre mais sensatas; sorte dos gremistas).

Mas está se falando aí de atração sexual. Para despertar sentimentos mais ternos ou um desejo de constituir família talvez seja melhor investir em outras cores.

Quem sabe um rosa?

[ Na nossa coletânea ]

Quando nos apresentaram a sugestão de capa para a coletânea de contos que vamos publicar pela Oficina Literária, metade da turma detestou. Eram flores de plástico em um fundo branco que passavam uma ideia de morte e devoção. Eu achei meio tristonho, mas gostei. O tema da coletânea é o amor. Um colega (o mesmo que perguntou quem queria ser escritor) disse que imaginava uma capa muito vermelha, rojo pasión.

[caption id="attachment_451" align="alignleft" width="154" caption="Os colegas não aprovaram a braguilha. Ainda bem que tenho um blog pra publicar o que iria pro limbo"]Ainda bem que tenho um blog pra publicar o que iria pro limbo[/caption]

Adorei a ideia - rojo pasión - e, como também adoro me meter aonde não sou chamada, fiquei tentando pensar numa capa. Acabei chegando (com a preciosa colaboração de minha irmã) ao modelo aí ao lado, que modéstia à parte, acho que ficou muito bom. O problema é que só eu achei. Eu e o colega rojo pasión. E, se era para haver controvérsia na turma, melhor que fosse contra o editor.

Um colega publicitário, acompanhando o debate, sintetizou o desejo do grupo sugerindo uma capa vermelha lisa. Pediu para a diretora de arte da agência elaborá-la e, devo admitir, ficou linda. Maldosamente, eu diria que “se ela conseguiu deixar bonita uma folha lisa, imagina o que faria com uma ideia”.

sexta-feira, 13 de março de 2009

no mar

Ah sei lá... eu ia escrever algo, mas esqueci. Foi uma semana movimentada. Às vezes, acontece tanta coisinha junta e eu acho que vou transbordar, depois tudo se acalma e percebo que continuo a mesma. Vamos ver, vivendo um dia de cada vez.

É aquela velha história do foco, da yoga, da busca por equilíbrio. Estou aqui quietinha, entretida com blog, trabalho, atividades físicas, velhos amigos, quase plena e alheia aos apelos externos... E aí é natural querer botar o nariz pra fora da porta, ver o que está acontecendo do outro lado.

Pronto, por mais que eu me sinta forte e preparada, já vem o abalo. É sempre difícil equilibrar o interno e o externo.

Ohmmmm

terça-feira, 10 de março de 2009

colorstrology

colorstrologyA Ingue me manda um site engraçadinho: o colorstrology. Ele informa a cor de cada pessoa conforme a data de nascimento. Ciência pura. A minha é: Mistletoe (Pantone 16-0220).

E, claro, só a cor não teria graça:

YOU have an active mind and a gift for intuition. Highly sensitive, you need to guard against excess worry and self-doubt. You have a strong sense of duty (...)

É por esse strong sense of duty que eu fico aqui escrevendo bobices.

segunda-feira, 9 de março de 2009

a volta do amarildo

Pode parecer brincadeira, mas acabo de atender o telefone e uma voz (a mesma que tempos atrás procurava o Amarildo) apresentou-me as seguintes alternativas:

- Se você é Paulo Antônio de Freitas Rosa, digite 1. Se não é, mas conhece esta pessoa, digite 2.

Desliguei (vide post "dia desses", de 19 de fevereiro).

Mas (não contei aqui) há outro precedente: dias depois do primeiro telefonema (à procura do Amarildo), ligaram de novo e, desta vez, disquei 2. Me mandaram anotar um número 0800 e informá-lo ao Amarildo. Segundo a voz, era assunto do interesse dele.

boas surpresas

[caption id="attachment_381" align="alignleft" width="210" caption="Detalhe da obra Prainha 1 (Acrílico sobre tela), de Paulo Thumé "]Detalhe da obra Prainha 1 (acrílico sobre tela), de Paulo Thumé [/caption]

Sexta-feira, conheci dois casais de amigos da minha prima Elenise. Muito queridos, amalucados na medida certa. Fomos jantar no Monte Polino e rimos muito das bobagens ditas à mesa.

Uma dessas bobagens foi a minha prima me apresentar a um deles (artista de verdade) como "a Mari é artista que nem tu". Desfiz o equívoco na hora, graças a deus.

Quem conhece minha fase "quero pintar baianas", pode conferir a diferença gritante: www.paulothume.com.

Amei as favelas, os gatos, as cores, tudo.

domingo, 8 de março de 2009

corpo humano, real e fascinante

Difícil ficar indiferente à exposição Bodies, em cartaz no Barra Shopping Sul. Uma das sensações que se tem é a de que não somos nada além de um pedaço de carne, um amontoado de vísceras, tendões e nervos. O contrário também é verdadeiro: "não é possível que isso seja tudo". Mesmo que isso represente uma máquina e tanto.

Instaura-se um espírito solidário entre os espectadores: "eu sou assim, você também, estamos no mesmo barco, complexos e impotentes". O que fez, o que pensou, o que foi o cidadão ali exposto pouco se sabe; já o seu destino...

O público (muitas crianças!) observa com curiosidade científica os 16 cadáveres e 225 órgãos humanos que compõem a mostra.

[ Enquanto escrevo, minha amiga passa anil em toda a casa. Pra afastar o que há de real mas além da nossa compreensão. ]

sexta-feira, 6 de março de 2009

ser ou não ser, eis a questão

Em meio ao debate que o meu grupo de Oficina Literária vem travando, nas últimas semanas, a respeito da publicação da nossa coletânea, um dos colegas perguntou: “Afinal, quem quer ser escritor e quem considera isso um hobby”? Alguns acharam a pergunta irrelevante, todos queremos um belo livro e o importante é o conteúdo.

O colega discordou. A resposta implicava uma série de outras coisas: “Um escritor se irrita até quando o editor deixa um espaço duplo entre duas palavras. Um escritor revisa a revisão. Revisa a revisão da revisão. E pouco se importa com o que não tem a ver com o texto ou com o livro. Aliás, não se importa nem com dinheiro, se se importasse escolheria outra profissão”.

É bom ouvir isso. Mesmo que não se tenha resposta para a pergunta. Não é fácil dizer para si mesmo: “quero ser” ou “sou” escritor (escritor é profissão?). Também não é fácil dizer “não me importo com dinheiro” (ou melhor, pode até ser fácil dizer, mas acreditar mesmo nisso...). Não é fácil lidar com as próprias limitações e convencer a si mesmo de que não está perdendo tempo ou buscando algo vago e impalpável.


No caso da oficina, acho que o colega já sabe a resposta. Num grupo de 16 - mesmo que os editais deixem claro que o curso se destina a aspirantes à profissionalização e não a escritores de fim de semana - as motivações, o momento, a disposição e até mesmo o talento (?) de cada um variam bastante. É só por isso que a pergunta se torna irrelevante.


Não fazê-la nunca, porém, é deixar espaço para os amadores.

quinta-feira, 5 de março de 2009

dia da mulher (ou aula de yoga) II

Minha colega perguntou o que eu tinha feito ontem à noite porque eu estava muito sorridente hoje de manhã. Nem precisaria responder, já que costumo sorrir sempre, mas não era o que ela estava pensando. Foi a yoga. Um torce daqui, distorce dali. Deixa qualquer um novinho em folha.


O professor nos mostrou as possíveis formas de se sentar durante a prática da meditação. Perguntou se alguém era espírita ou médium, porque, se o fosse, era para não se sentar sobre as pernas. Segundo ele, a posição é propícia para o recebimento de entidades... (!)

dia da mulher

gerbera1Não pretendia abordar assuntos profissionais por aqui, mas é irresistível. A Assembleia é um lugar tão divertido. Hoje eu e a Vanessa Lopez (da dupla “gêmea boa e gêmea má”), atendendo ao apelo de uma das participantes do 1º Encontro das Mulheres Trabalhadoras na Agricultura Familiar, nos demos as mãos e saudamos... Saudamos o quê, mesmo, Vanessa? Me ajude! Acho que foi a vida, os alimentos, a terra...



Não é a primeira vez que me vejo nesse tipo de situação. Em evento organizado pelo futuro presidente da AL, tempos atrás, também larguei a caneta e o bloco de notas para me integrar, de olhos fechados, ao círculo de energia positiva que ali se formava. Ainda bem que o fotógrafo nos poupou.



No almoço, contamos com a presença de Daniela Aspis, que revelou o quanto aprecia conviver com todo tipo de gente, até mesmo conosco. Mas tudo tem limite, né, Dani?



Ah, ganhei uma gérbera vermelha.

terça-feira, 3 de março de 2009

abóbora vai no tortéi

Ainda sobre a Comissão de Educação nesta manhã:

Depois de aprovar parecer favorável ao projeto que institui a Semana Estadual dos Povos Indígenas e ouvir uma ode ao pão para justificar proposta relativa ao Dia do Panificador, um dos deputados declarou-se constrangido em ter de apreciar matérias do gênero. Ponderou que a situação vinha se repetindo há anos e que os expunha ao ridículo diante de tantas demandas de maior gravidade.

abobrinhasSeguiu-se longa discussão durante a qual os parlamentares concordaram que a instituição de dias festivos, bem como as declarações de patrimônio histórico e cultural, precisavam ser reavaliadas, mas que, de momento, não lhes restava alternativa senão aprovar o parecer ao Dia do Panificador.

O deputado se exaltou chamando a discussão repetidas vezes de "abobrinha". Ao que um colega, oriundo da Serra gaúcha, o corrigiu: "Deputado, a bem da verdade, estamos falando de massa. Abóbora vai no tortéi".

na comissão de educação...

Estou ali distraída, hoje, na Comissão de Educação (ainda não estavam votando nada), quando o presidente, deputado Mano Changes, diz algo que me desperta: "... e o e-mail enviado pela produtora Noemia Matsumoto"... Hein? Noemia? O que ela está fazendo na Comissão de Educação?

Bem, a Noemia estava convidando a AL a participar de um projeto para levar espetáculos teatrais do Grupo Oigalê a jovens carentes no Teatro do Bourbon Country.  Acho que era isso.

Essa Noemia não para!

deep purple

deep-purple-p2Fomos ao show do Deep Purple ontem à noite. Alguns os acharam velhinhos, um pouco cansados. Eu adorei! Se, antes e depois, tudo parecia meio deslocado, aos primeiros acordes, o som encheu o teatro, entramos num outro tempo e seguimos viagem.

É engraçado assistir a um show como esse num teatro dentro do shopping. Quando terminou, foi como sair do cinema, acompanhada de muitos rapazes de preto, adolescentes, que se puseram a bater foto com os cartazes da banda nos corredores limpos e iluminados do shopping.

domingo, 1 de março de 2009

olhares

Eram umas duas e pouco, ontem, quando a Vanessa me mandou uma mensagem dizendo que passaria na minha casa dali a meia hora. Ela comprou um carro novo e tínhamos combinado de circular pela cidade para ela treinar a direção.

A Vanessa já tem carteira há algum tempo, mas não aprendeu a dirigir direito. Precisava de prática e de uma boa alma, tranquila e serena, que assumisse a co-pilotagem.

Convidamos a Noemia a se integrar à aventura e lá fomos nós pelas ruas de Porto Alegre. Atentas a cada bueiro, a cada meio fio perigosamente próximo, a cada pedestre desavisado. E aos ônibus, onipresentes.

Às vezes, Noemia e eu esquecíamos o que estava acontecendo, falávamos de outros assuntos, e a pilota quase nos engolia. Não podíamos distraí-la. Qualquer passo em falso representava riscos, de modo que entramos de vez no seu estado de tensão.

Chegamos a parar para tomar sorvete e, após conversa amena – para mim e para a Noemia, porque a Vanessa ainda suava –, retomamos a empreitada. Ela agora precisava nos devolver às nossas residências.

Entregue, peguei meu próprio carro e fiz o trajeto até a casa da Vanessa, para que ela tivesse a quem seguir e não entrasse em curto circuito. Ao final da tarde, estávamos exaustas. A Vanessa não quis sair. Eu fui encontrar uma colega, a Mariza, no Dometila.

beleza-americana1O Dometila é um café lindinho e charmoso onde nos agridem com flores [ sim, a primeira vez que fui lá, o dono me deu um susto ao jogar pétalas de rosa no meu rosto; na segunda vez, eu ainda estava na calçada relatando esse episódio – “é muito lindo este lugar, mas...” – quando ele apareceu e nos bombardeou com rosas, deixando minhas palavras pairando no ar ]. Desta vez, ele estava viajando, e sentimos falta da sua delicadeza peculiar :)

Pedimos uma torta de chester, aspargos e tomates secos, muito chiques; a Mariza tomou espumante, eu, chá de hortelã; falamos sobre livros, viagens, affairs.

A Mariza é minha colega de Oficina Literária. Jornalista e advogada, membro do Ministério Público, ela é paulista, mora em São Paulo e, durante todo o ano passado, pegou um avião uma vez por semana para cursar a Oficina. Alugou apartamento e tudo. Até ontem, eu não sabia direito se ela era paulista, gaúcha, se morava lá ou aqui. Agora, entre outras coisas, sei que tem um filho (a quem prometeu me apresentar) e que exerceu toda a sua diplomacia com os vizinhos durante a estada na capital gaúcha (o que ainda vai gerar um conto :)

***



Mais tarde, no recolhimento do lar, me dei conta da profusão de olhares assumidos num único dia: o olhar iniciante, o olhar estrangeiro, o olhar particular e instransferível, além do olhar cúmplice da amiga de longa data, que estimula a memória, ameniza os dramas e torna tudo mais divertido.