segunda-feira, 8 de novembro de 2010

paul mccartney, cultura e julio iglesias

[caption id="attachment_1695" align="aligncenter" width="600" caption="Foto da Ingue"][/caption]

Ainda estão todos em êxtase com o show do Paul. Hoje, no trabalho, a manhã passou sem que eu escrevesse uma única linha. Ficamos das nove ao meio-dia rememorando cada momento. O L., que não foi, começou a falar do papel da mídia na coisa toda, de como o Paul valeria ainda mais depois que morresse e do que ocorreu com outras celebridades. O G. falou da excelência do Paul, de como ele permaneceria para sempre a influenciar as gerações vindouras, enquanto outros, assim que morressem - ou antes disso -, seriam rapidamente esquecidos: "O Julio Iglesias... tu acha que o Julio Iglesias vai permanecer?". 

O L. acusou o G. de preconceituoso. Para um determinado grupo, o Julio poderia permanecer; ele é um produto cultural, como o Paul. Por aí se seguiu... 

[caption id="attachment_1698" align="aligncenter" width="648" caption="A venda de guarda-chuvas prosperou, só não dava pra entrar no estádio com eles"][/caption]

[caption id="attachment_1699" align="aligncenter" width="640" caption="Os Peruzzos, por ordem de idade e tamanho"][/caption]

[caption id="attachment_1697" align="aligncenter" width="640" caption="Maravilhosas. "][/caption]

Como foi: 

O dia começa com a prova de revezamento da Paquetá, disputada em quarteto (10,5 quilômetros para cada uma) no horário do meio-dia, com o sol a pino. Concluo a prova e saio sem me alongar. Enfrento o engarrafamento do shopping, vou pra casa.

A partir das 13 horas, Fabrício e Mirella me ligam lá da mãe pra saber quando eu chego, vão terminar de comer e seguir pro estádio. Acho que não vale a pena chegar tão cedo, mas não posso deixá-los lá enquanto eu descanso (ah, que vontade). Tomo banho, como qualquer coisa, enquanto eles me avisam que já estão no local. Antes das três, eu chego de carro na casa da mãe, estaciono na garagem, subo. 

Mãe: Quer levar um pedaço de galinha?
Pai: Depois, mais tarde, ela leva um nescau pra vocês. 

Desço a pé pro estádio. As pessoas se protegem do sol sob guarda-chuvas e caixas de papelão. Ouço meu nome. É o estagiário da Agência, que veste um saco de lixo preto sobre a cabeça (para atrair mais raios solares?). Ligo pra Mirella, que me informa estar em frente ao museu do Inter. Sim, ela e toda torcida do flamen... ops, do Inter e do Grêmio juntas (Fabrício e Mirella são gremistas). 

Nos encontramos, sento ao lado deles e ali ficamos até as cinco e meia, quando abrem os portões. Meu pensamento não é o Paul McCartney, e sim um pedaço de melancia. O mais próximo disso são os picolés: "Olha o picolé do pal macarter!". Tomo dois, de coco e abacaxi, cinco pila cada um. Ingue e eu saímos um pouco da fila, entramos na loja do Inter pra nos refrescarmos. Estendemos ao máximo a estada, tiramos foto com a taça Libertadores (ela, que também é gremista). 

Quando voltamos, o sol está ainda mais forte. De tempos em tempos alguém se faz de sonso e tenta furar a fila, mas a galera está atenta, neurótica, e grita até o furão sair. Quando finalmente abrem os portões e chegamos à rampa, os peruzzos e gabiattis disparam e eu sinto o peso da segunda prova do dia. Antes de passar na roleta, revistam minha bolsa e confiscam a tampa da minha garrafa de água. Tornamos a correr e encontramos um bom lugar. Ótimo, valeu a pena. Mais sol, mais calor, mais pensamentos delirantes. Ligo pro pai, peço pra ele comprar melancia. Ele se limita a dizer que tem suco de abacaxi (sei... nem suco é; chá de casca de abacaxi, isto sim). Compro cachorro-quente, água, guaraná. Encaro as filas do banheiro químico. 

Atrás de nós, acomoda-se um grupo barulhento. Ingue e eu estamos sensíveis. Ela diz que é com ela, sempre atrai gente assim. Eles cantam músicas num inglês inventado e alternam charutos e cigarros.   

Às nove e pouco, quando o show começa, tudo isso fica pra trás. A mais barulhenta do grupo está aos prantos e eu a relevo. Há um beatle no palco. Cantando para nós. À minha frente, uma dupla de pai e filho - um com uns 50 anos e o outro com uns nove - cantam e dançam todas as músicas, e pulam e olham pros lados. Meu irmão grava imagens do show. Eu aponto uma mulher chorando e ele me diz que também já borrou a maquiagem. Três horas de espetáculo e mais de trinta canções a nos embalar, terminando com um ATÉ A PRÓXIMA em bom português! 

[caption id="attachment_1700" align="aligncenter" width="648" caption="Tem gente que não se toca. Não teve jeito de ficarmos só eu e o Paul."][/caption]

14 comentários:

  1. [...] Marinella Peruzzo – Paul McCartney, cultura e Julio Iglesias [...]

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  2. Excelente! Olha o papagaio de pirata ali atrás de ti... hihihi ;-)

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  3. Melhor que o #ShôDoPô foi descobrir teu blogue. :-)

    m.

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  4. Olho pro meu pôster dos Beatles agora (me acompanha desde 2001 no quarto) e o vejo de uma forma diferente: George e John já não estão mais aqui, o Ringo sempre ficou ali atrás na bateria, sem cantar; mas tem um ali, o Paul, que está muito mais próximo e ainda mais vivo agora. Agora, o Paul que está no pôster já parece um velho amigo, no qual fui ali na frente assistir ao show... Inesquecível, diga-se de passagem.

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  5. Tá, mas como foi a corrida? "Saio sem me alongar, enfrento o congestionamento do shopping e vou pra casa." Não teve corrida???? Houve congestionamento na corrida??? :o) :)

    Ihh, complicado esse trecho sobre as culturas... Existe uma cultura dominante e é bom que haja? Que existe, sim (por enquanto: as coisas não estão muito bem por lá); agora, que seja bom? Eu tendo a pensar que as diversas culturas devem ser tratadas como iguais. E, se houver uma superior, para muitos seria a oriental, sobre a qual pouco nos ensinam. (Acho que John Lennon era um desses muitos.)

    Beijo!

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  6. Assim, é só alguém criticar que tu vai lá e tira? Daí fica faltando um pedaço da discussão...

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  7. SIMMM!!

    Primeiro, fiquei tentando me explicar, aí percebi que ia ter que me explicar demais e larguei de mão. Além do que, também não quero me indispor com os colegas de trabalho (meu texto estava um pouco arrogante).

    Mas, enfim, eu dizia (ou tentava dizer) que uma cultura pode ser superior a outra por exigir um nível maior de abstração etc. etc., mas isso não quer dizer que seja "esta cultura que está aí", essa cultura de massa e tal.

    E que é preciso, sim, eleger certos "padrões superiores" em vez de se achar que tudo é bonito (ou equivalente) e merece ser ensinado, como alguns parecem pensar.

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  8. Inveja branca por nao ter visto o show...mas a maior inveja foi do carinho da mae e do pai, preocupados em alimentar as crias. :)

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  9. hehe o pai estava sendo irônico, a mãe não!

    Bjos

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  10. "E que é preciso, sim, eleger certos “padrões superiores” em vez de se achar que tudo é bonito (ou equivalente) e merece ser ensinado, como alguns parecem pensar."

    Se eu fosse fazer um doutorado, estudaria esta questão do que deve ser ensinado. Eu acho que bonito ou equivalente é subjetivo. Quem sabe o original? Uma obra que pode até ser feia, mas apresenta uma idéia que ninguém apresentou antes?

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  11. Hum... a originalidade, sem dúvida, é um bom critério. Vou aguardar a tese! :-)

    Se bem que, no que se refere ao currículo escolar, não sei se há lá tanto espaço pra originalidade, é preciso antes dar conta do básico, não?

    Quanto à subjetividade, me lembrei agora do que disse uma personagem (uma das filhas do casal assassinado) do livro que motivou meu último post. Ela explicava que decidiu estudar matemática porque não conseguiria suportar indagações filosóficas depois de tudo o que passou (as tragédias familiares).

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